Desanimada, Xuxa não brilha e comanda programa no piloto automático

Publicado em 13/09/2016

Mais uma complicação na difícil vida de Xuxa Meneghel na Record: os responsáveis pelo Programa do Porchat culpam a atração da loira pelo fraco desempenho do talk show de Fabio Porchat às segundas-feiras. E eles têm razão: o efeito cascata é implacável e o bom desempenho da nova atração da emissora depende bastante dos resultados herdados da linha de shows. Não por acaso, o melhor dia de Porchat tem sido as quartas-feiras, quando recebe de Gugu, maior audiência da linha de shows da emissora.

Esta é apenas mais uma dentre tantas notícias dando conta da preocupação da Record com o desempenho do programa Xuxa Meneghel. Há pouco mais de um ano no ar, a atração da eterna “rainha dos baixinhos” ainda não disse a que veio. E, pior, não parece esboçar qualquer reação. Patinando nos 5 pontos no Ibope, o programa tem demonstrado, no ar, que não tem muitas condições de ir além disso.

Uma pena, se consideramos que Xuxa teve uma boa estreia na emissora. Vindo de projetos fracassados na Globo, a apresentadora nem de longe lembrava a animadora dos tempos do Planeta Xuxa, seu mais bem-sucedido programa “para adultos”. Seu último programa, o TV Xuxa, vivia tendo seu formato alterado, e Xuxa surgia um tanto desanimada, sem presença de palco e demonstrando pouco domínio das atrações que apresentava. Quando chegou à Record, Xuxa estreou animada, um tanto debochada, com uma presença de palco que há muito tempo não se via. No entanto, passada a euforia da estreia, o programa Xuxa Meneghel mostrou-se perdido, como se não houvesse um roteiro muito bem definido. Assim, a impressão que causou era de que Xuxa recebia seus convidados no sofá, mas não sabia muito bem o que fazer com eles. O Ibope caiu, choveram críticas, e o programa deixou de ser ao vivo e teve o diretor trocado (saiu Mariozinho Vaz, entrou Ignácio Coqueiro).

Em 2016, com a chegada de Coqueiro, a imprensa especializada noticiou que o programa Xuxa Meneghel passaria por alguma reformulação e já estavam sendo estudados novos formatos de quadros importados para incrementar a atração. Mas o ano já está praticamente no fim e nada dos tais novos quadros darem as caras. Justiça seja feita, a direção de Coqueiro trouxe um pouco mais de coerência e ritmo ao programa, que passou a ter um roteiro mais amarrado. Os convidados, normalmente, são entrevistados e participam de jogos e brincadeiras. O sofá da loira serviu também de espaço para promoção da própria programação da Record, como quando recebeu os participantes do Power Couple ou o elenco de A Terra Prometida.

Mas, no geral, nada muito significativo aconteceu e, na prática, o programa surge sem uma identidade muito bem definida. Tem um sofá para entrevistas, mas não é bem um talk show. Tem jogos e brincadeiras, mas também não chega a ser um game. E, ainda, abre espaço para quadros que não chamam muito a atenção. Na noite de segunda-feira (12), por exemplo, boa parte do programa foi dedicado a um concurso de dança envolvendo noivos e padrinhos de casamentos. Deu sono. Além disso, Xuxa não brilha no palco do programa. Ela não aparenta estar feliz ali e comanda tudo no piloto automático, sem qualquer emoção.

Diante desta situação não muito animadora, pipocam informações de que a Record, em breve, pode tirar o programa Xuxa Meneghel das noites de segunda-feira. Só resta saber se será uma boa ideia, afinal. Primeiro, porque não adianta tirar Xuxa da segunda-feira e não ter um outro produto de maior apelo que possa ocupar o espaço. Trocar seis por meia dúzia não parece um bom negócio. E mais: especula-se que Xuxa poderia ocupar as noites de quinta-feira ou ser transferida para as tardes de sábado. Caso vá mesmo para as quintas-feiras, a loira terá um outro problema pela frente, pois enfrentará o fortalecido humorístico A Praça É Nossa, do SBT. E, quanto às tardes de sábado, este foi o mesmo horário que ocupou em seus últimos anos de Globo, e não deu certo. Por que daria agora?

Independente de mudança de dia e horário, o que Xuxa precisa, e urgente, é de um programa totalmente novo. O atual sai do nada ao lugar nenhum e, por isso, uma reformulação total se faz necessária. Na verdade, a Record errou ao acreditar que apenas o nome de Xuxa seria o suficiente para segurar um programa. Não é. Xuxa precisava de um bom plano que pudesse levá-la a fazer uma boa transição para os programas noturnos adultos. Claramente, a emissora não o tinha. E, agora, paga por isso. E paga caro.

Capa do livro Tele-Visão - A Televisão Brasileira em 10 AnosAndré Santana é autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, uma publicação da Editora E. B. Ações Culturais, impressa e distribuída pelo site Clube de Autores, e está à venda em versão impressa e e-book, apenas pela internet. É possível adquiri-lo clicando AQUI .

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