complicado

Confuso, Zig Zag Arena peca pelo excesso de pirotecnia

Novo programa de Fernanda Gentil não envolve com suas regras complicadas

Publicado em 04/10/2021

Há um clássico episódio de Friends, no qual Joey (Matt LeBlanc) ensaia para fazer um teste de apresentador de um novo game show. Com a ajuda de Ross (David Schwimmer) e Chandler (Matthew Perry), ele tenta se virar para entender as regras sem sentido do jogo. Ao longo de todo o episódio, eles fazem piada sobre o quão maluco é o novo game, que acaba cancelado justamente por ser “complicado demais”.

Pois a estreia de Zig Zag Arena remeteu a esta situação da sitcom estadunidense. A nova atração da Globo tem uma ótima proposta, uma baita estrutura e um elenco competente. Ou seja, tinha tudo para dar certo. Mas ficou devendo na execução, desnecessariamente grandiosa. No ar, o resultado ficou complicado, pouco envolvente e frio.

Zig Zag Arena tem como proposta emular brincadeiras clássicas de criança. Mas se esqueceu que o grande atrativo destas brincadeiras são justamente as regras simples. Ao misturar elementos de várias brincadeiras num único game, dentro de um cenário grandioso, o programa cria um distanciamento entre quem assiste e quem brinca. Com isso, perde o principal atrativo de um game: fazer o espectador se sentir parte do jogo.

A pirotecnia cria uma barreira e deixa o game sem emoção. E o excesso de regras torna tudo muito confuso. Para quem assiste, é difícil definir o que está acontecendo de fato. Não há como torcer, se não é possível entender coisas simples.

Não é a primeira vez que a Globo erra com sua verve megalomaníaca. Basta se lembrar do Divertics, humorístico cheio de mecanismos para uma simples troca de cenário e elenco estelar, mas que se esqueceu do básico: fazer rir. Ou ainda o Adnight, de Marcelo Adnet, que, na tentativa de fugir da fórmula simples do talk show, inventou uma estrutura que, na prática, não significava nada.

À frente da atração, Fernanda Gentil está apenas correta. O formato da atração não permite com que ela se mostre mais, embora ela pareça à vontade por estar num contexto que remete aos seus tempos de repórter esportiva. A ideia de apresentar os games como evento esportivo, aliás, é boa, e Everaldo Marques foi o destaque da estreia. Já os comentaristas Hortência e Marco Luque pouco acrescentaram.

Ou seja, a primeira impressão do Zig Zag Arena não foi boa. É louvável a ideia da Globo de apostar num game show juvenil para suas tardes de domingo. Mas não precisava fazer algo tão grandioso, que se revelou confuso. Basta olhar para o “vizinho” SBT e seu prosaico Passa ou Repassa para compreender que não é preciso uma grande estrutura para fazer um game show eficiente.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade