o canal é a notícia

Com novas contratações, bastidores da CNN Brasil repercutem mais que a programação

Emissora reforça time, mas falta fortalecer seus telejornais

Publicado em 27/10/2020

Neste contexto de crise, o que não faltam são notícias sobre demissões e enxugamentos em emissoras de televisão. Porém, a CNN Brasil nada contra a maré e segue fazendo importantes investimentos. São tantas as movimentações que a emissora tem repercutido mais pelas grandes contratações do que pela sua grade de programação. O que é estranho, se considerarmos que se trata de um canal de notícias.

Nos últimos dias, a CNN Brasil anunciou reforços de peso em seu time de âncoras. Márcio Gomes, um dos grandes nomes do jornalismo da Globo, engrossa as fileiras do canal e irá comandar um novo telejornal, o CNN Prime Time. Gloria Vanique, outra ex-global e destaque do Bom Dia SP, assume o CNN 360º. E Carla Vilhena, grife afastada da TV desde 2017, vai comandar o Visão CNN.

Sem dúvidas, um time e tanto. Que irá se juntar a mais grandes nomes que formam o atual elenco da CNN Brasil, que conta com Phelipe Siani, Monalisa Perrone, Evaristo Costa e William Waack, entre tantos outros. Que, vale lembrar, foram anunciados como parte do canal quando a CNN ainda nem havia estreado.

Festival de contratações

Desde que foi anunciado que o canal estadunidense estava chegando ao Brasil, cada contratação fazia um estardalhaço na mídia. O novo canal chegou com fôlego, anunciando nomes de peso a cada semana. Com isso, foi ganhando notoriedade. Quem acompanha as notícias sobre TV viu a CNN praticamente sendo montada diante dos olhos, como um reality show.

Isso, sem dúvidas, gerou um importante burburinho, que se converteu em curiosidade quanto à estreia do canal. A emissora fincava a sua marca na mente do espectador, mesmo antes de estrear. Quando estreou, ganhou repercussão com várias notícias exclusivas, algumas gafes (que são naturais, bem entendido) e certa controvérsia. Dar espaço a “opiniões” que geram desinformação se tornou um de seus pontos fracos (porém, rende barulho nas redes sociais).

Mas foi justamente esta capacidade de polemizar que manteve a CNN no radar. Entretanto, passada a euforia, pouca coisa ficou. Sem desmerecer o trabalho do canal, que tem uma estrutura interessante e bons profissionais. Porém, é inegável que seus programas, de maneira geral, ainda não estão fortalecidos. O que é natural, se levarmos em consideração que o canal tem poucos meses de operação.

Mesmo assim, chama a atenção a capacidade do canal de continuar gerando notícias em seus bastidores. Sem dúvidas, esta movimentação toda é bastante positiva para o mercado da comunicação e do audiovisual brasileiro. Mas, ao mesmo tempo, é preciso refletir sobre até que ponto é interessante um canal de notícias gerar buzz pelos bastidores movimentados, e não por seus telejornais.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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