Apagada

Com drama que não empolga, Chiara é mais um dos equívocos de Fina Estampa

Pela segunda vez, Aguinaldo Silva entrega personagem ruim para Helena Ranaldi

Publicado em 25/08/2020

Quando fez um balanço sobre Senhora do Destino (2004), o autor Aguinaldo Silva declarou que devia um bom personagem a Helena Ranaldi. O novelista afirmou que gosta da atriz, mas que não conseguiu escrever uma boa trajetória para a personagem Yara Steiner. Na obra, a personagem usava Plínio (Dado Dolabella) para ser mãe de maneira independente, mas depois retornava falida e entregava a criança ao pai.

Realmente, não foi um bom personagem para Helena Ranaldi, que, naquela época, vinha acumulando bons papéis. Antes de Senhora do Destino, a atriz viveu um de seus tipos mais marcantes, a professora Raquel de Mulheres Apaixonadas (2003). Na novela, atualmente reprisada no Viva, ela se apaixonava por um aluno e, ao mesmo tempo, sofria violência doméstica.

Mas a experiência em Senhora do Destino realmente não foi das melhores. Yara começa a novela forte e decidida, mas, quando retorna, está fraca e apagada. Assim, o “mea culpa” de Aguinaldo Silva fez todo o sentido. E foi muito sensível da parte dele reconhecer que errou com a personagem.

Por isso, ele teve a chance de se redimir em Fina Estampa. Helena Ranaldi foi novamente convidada para uma participação especial numa novela sua, desta vez como Chiara, a ex-mulher de Juan Guilherme (Carlos Casagrande). A personagem chega para atrapalhar o casamento do empresário com Letícia (Tânia Khalil), ao mesmo tempo em que sofre com uma doença incurável.

Na época, o autor elogiou publicamente a performance da atriz, que fez algumas sequências bastante dramáticas. No entanto, isso não quer dizer que ele cumpriu a promessa de lhe dar uma boa personagem. Afinal, Chiara pode não ser uma personagem ruim, mas seu drama simplesmente não empolgou.

Núcleo esvaziado

O grande erro da trajetória de Chiara é o núcleo no qual a personagem está inserida. O romance de Juan Guilherme e Letícia nunca envolve o espectador de fato. É uma trama secundária, de pouco apelo, e que fica apagada diante de tantos outros personagens do enredo de Fina Estampa.

Assim, Chiara surge como um pivô dentro de uma trama que, por si só, já era bastante vazia. E o drama de sua doença não consegue deixar a história mais interessante. Pelo contrário. Todo este núcleo fica na superfície o tempo todo. É mais um núcleo de Fina Estampa que surge solto, desprendido da novela.

Helena Ranaldi tem feito pouca televisão. Sua última novela foi a opaca Em Família, de 2014. No entanto, ela tem uma trajetória de respeito, com algumas personagens bastante marcantes. Porém, não deu sorte nos dois enredos de Aguinaldo Silva em que participou. Silva ainda deve um grande personagem à atriz.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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