Teledramaturgia

Com acervo esvaziado, Record TV vive looping eterno e escassez de criatividade

Emissora dá canseira no público com escolha de Prova de Amor e Os Dez Mandamentos

Publicado em 03/05/2021

Prova de Amor, a novela que retomou a faixa de reprises à tarde na grade de da Record TV está de volta pela terceira vez após 5 anos do fim da sua última exibição. Junto dela, vem a segunda reprise de Os dez Mandamentos, atualmente ocupando horário na TV Brasil. A escolha de ambos os folhetins, no entanto, escancara uma problemática na emissora: a total falta de criatividade.

Com acervo escasso de novelas com classificação indicativa apropriada para retransmitidas na faixa horária, ao recorrer à tramas batidas, a Record TV parece mesmo não ter medo do esgotamento e mostra desinteresse em salvar o horário, que há meses registra resultados bem abaixo do aceitável, com média geral de 4,0 pontos no ibope em seus melhores dias.

Ainda que o hiato dado à Prova de Amor seja favorável para a nova reprise, precisamos considerar que ainda restam novelas de apelo popular “à espera de um milagre”. Mas o peso da interferência de líderes da igreja na programação a fim de catequizar, é maior. E mesmo que isso custe qualquer rejeição de uma parcela popular, entende-se que a fidelidade da audiência religiosa é o que importa. Sendo assim, tramas bíblicas, de certa forma, são “coringa”.

Nessa dificuldade ou resistência em ‘assoprar fitas’, a emissora do bispo Edir Macedo tira do espectador o direito de um respiro em conferir outras tantas obras de expressiva relevância para teledramaturgia brasileira, que vão de produções assinadas por Lauro César Muniz a Margareth Boury, passando por Giselle Joras e Carlos Lombardi.

Em tempo, a emissora também tem uma dívida com o público ao desprezar sua própria história e ignorar absolutamente novelas da fase anterior à era “a caminho da liderança”, iniciada com o projeto de A Escrava Isaura. Entram na lista Estrela de Fogo (1999), Louca Paixão (1999), Tiro e Queda (1999), Marcas da Paixão (2000), Vidas Cruzadas (2000) e Roda da Vida (2001).

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de sua autora e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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