Chacrinha repete fórmula batida, mas tem boa história pra contar

Publicado em 14/01/2020

Chacrinha: O Velho Guerreiro é um filme de Andrucha Waddington sobre a vida de Abelardo Barbosa, um dos maiores comunicadores do Brasil. O longa, lançado em 2018, se transformou em Chacrinha: A Minissérie, que a Globo exibe em quatro capítulos a partir desta terça-feira (14). Com a atração, a emissora volta a apostar na fórmula batida de fatiar filmes para exibir em sua programação de janeiro. Mas a atração tem uma boa história pra contar, o que vale o ingresso.

Chacrinha: A Minissérie começa sua narrativa a partir de um momento tenso da carreira do apresentador. Logo em suas primeiras cenas, Chacrinha (Stepan Nercessian), aparece irritado com Boni (Thelmo Fernandes), então o “todo-poderoso” da Globo. Após uma discussão calorosa, o apresentador pede demissão da emissora e anuncia sua transferência para a Tupi. A partir daí, a série volta no tempo e conta a história do jovem Abelardo (Eduardo Sterblitch), sua chegada ao Rio de Janeiro e seu início no rádio.

O elenco chama a atenção pela boa reprodução dos maneirismos do protagonista. Stepan Nercessian parece ter nascido para viver Chacrinha, tamanha sua semelhança. Enquanto isso, Eduardo Sterblitch surpreende como o jovem Abelardo. O ator e humorista parece se apagar por completo, dando espaço ao personagem com absoluto vigor. A qualidade da produção, o elenco competente e a interessante trajetória de Chacrinha garantem a boa fluidez da narrativa, prendendo o público.

No entanto, a Globo começa a saturar a fórmula de transformar filmes e séries. Assim como Elis: Viver É Melhor que Sonhar, exibida no ano passado, Chacrinha alimenta o filme usando de entrevistas e depoimentos, reais ou encenados, dando um ar de docudrama à produção. Funciona, mas soa como “mais do mesmo”.

Chacrinha x Hebe

Chacrinha: A Minissérie estava prevista para ser exibida no ano passado na Globo, mas acabou adiada. Enquanto isso, havia a expectativa de que a minissérie Hebe, do GloboPlay, fosse exibida na TV aberta neste início de ano, o que não aconteceu. Ou seja, a emissora “trocou” uma história sobre uma figura da TV por outra. Tudo bem, já que são duas histórias que merecem ser contadas.

Entretanto, a série de Hebe tem muito a ensinar a Chacrinha. Isso porque Hebe é, também, um filme, mas as duas produções são bem diferentes. Enquanto o filme é um recorte de um momento de Hebe (Andréa Beltrão), a série conta toda a vida da animadora. Ou seja, a série “absorve” a narrativa do filme e vai além. Já Chacrinha é “apenas” o filme dividido em capítulos e “vitaminado” com cenas extras. Seria mais interessante se a produção fosse mais do que isso.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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