Dulce Maria

Carinha de Anjo vale uma reprise, desde que bem editada

A novela do SBT tem qualidades, mas é longa demais

Publicado em 05/10/2021

Enquanto Poliana Moça não vem, o SBT sacou mais uma reprise para sua faixa de novelas infantis. A escolhida da vez é Carinha de Anjo, simpática trama produzida pela emissora entre 2016 e 2018 (!). A saga de Dulce Maria (Lorena Queiroz) tem qualidades que a credenciam para um repeteco, mas precisa de uma boa edição para que haja um bom desempenho.

Adaptada por Leonor Correa, que estreava como novelista num terreno antes “dominado” por Iris Abravanel, Carinha de Anjo contou com um bom texto e um elenco muito competente. A irmã de Faustão manteve intacta a espinha dorsal da garotinha órfã de mãe que é interna num colégio de freiras, e que sonha que seu pai, Gustavo (Carlo Porto), se acerte com Cecília (Bia Arantes), a noviça da instituição.

No entanto, a versão nacional de Carinha de Anjo expande seu universo ao inserir o colégio de freiras numa região rural, e incluir um “núcleo rural” em meio aos demais personagens urbanos. Com isso, a trama cria um contraponto entre cidade e campo que lhe dá uma robustez interessante.

Tal contraponto é personificado na dupla de pré-adolescentes que co-protagonizam o enredo: a blogueira Juju (Maisa Silva) e o sertanejo Zeca (Jean Paulo Campos). Neste contexto, destaque para o núcleo de Juju, que é filha de Rosana (Angela Dippe) que, por sua vez, é vizinha de Gustavo.

Rosana é uma das melhores e mais divertidas personagens da trama, e Angela Dippe está ótima em cena. Além disso, ela repete a parceria cênica com Blota Filho, que vive Silvestre, o mordomo de Gustavo. Os dois atores fizeram um par romântico cômico em Pérola Negra (1998), um clássico das novelas do SBT.

Além destes, Carinha de Anjo conta ainda com Karin Hills (Irmã Fabiana), Eliana Guttman (Madre Superiora), Clarice Niskier (Haydee), José Rubens Chachá (Peixoto), Angela Figueiredo (Regina), Cristina Mutarelli (Solange), e grande elenco. É uma trama leve, com bons momentos de humor, e que se mostra bastante adequada ao público infantil. Dentre as tramas deste nicho já realizadas pelo SBT, Carinha de Anjo desponta como a mais bem resolvida.

Porém…

Por conta de todas estas qualidades, Carinha de Anjo apresentou excelente resultado de audiência para o SBT em sua exibição original. No entanto, a trama enfrentou também uma queda nos números, já que foi indiscriminadamente esticada pelo SBT.

Na reta final, a novela se arrastava, já que a história não tinha mais para onde ir. Mesmo assim, capítulos eram inflados com flashbacks e números musicais com o claro propósito de encher linguiça. Trata-se de um mal de todas as novelas infantis do SBT, é verdade, mas Carinha de Anjo foi a que mais sofreu com a prática. Tanto que ficou quase dois anos no ar, somando 403 capítulos.

Com isso, para que a reprise atual não provoque o mesmo aborrecimento de sua primeira exibição, se faz necessário uma edição mais ágil, que deixe a história mais curta, enxuta e sem barrigas desnecessárias. Provavelmente, isso deve mesmo acontecer, já que Poliana Moça deve estrear no ano que vem. Assim, revisitar a novela pode ser uma boa experiência, e a trama deve angariar um novo público, que não a assistiu originalmente.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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