Caldeirão do Huck chega à maturidade como símbolo do sábado na TV

Publicado em 07/04/2018

Neste final de semana, em 8 de abril, o Caldeirão do Huck completa 18 anos de sua estreia nas tardes de sábado da Rede Globo. Luciano Huck havia apresentado nos anos 1990 o programa de entrevistas Circulando, na CNT/Gazeta, espécie de Flash (com Amaury Jr.) jovem, e chamou a atenção da Bandeirantes, que o contratou para comandar no horário nobre de segunda a sexta-feira o Programa H – que revelou, entre outros ícones de seu tempo, as beldades Tiazinha (Suzana Alves), Feiticeira (Joana Prado) e Índia Aigo.

The Wall é uma boa novidade do Caldeirão do Huck

Num curto espaço de tempo a Globo tirou da concorrência quatro nomes fortes. Do SBT voltou Jô Soares, para fazer na emissora dos Marinho seu talk show rebatizado de Programa do Jô, e veio Serginho Groisman, com toda a cancha de quem melhor entendia e entende os jovens na televisão, trazendo “vida inteligente na madrugada” aos telespectadores do Altas Horas, que com os anos começou a entrar no ar em horas nem tão altas assim. Da Record foi trazida Ana Maria Braga, que angariava boa audiência nas tardes com seu Note e Anote, convertido em Mais Você. Da Bandeirantes veio Luciano para comandar a mistura de música, brincadeiras e gente jovem do Caldeirão, com vários pontos comuns à fórmula do H.

Com duração média de duas horas e meia, podendo ter mais ou menos do que isso conforme as ingerências dos jogos de futebol, e inicialmente destinado ao público juvenil, o programa de Luciano sempre fez jus ao nome, mas de uma forma organizada e até certo ponto previsível. Em razão de seu horário de apresentação, nunca foram descabidas apresentações musicais e competições que ocorressem ao ar livre, nas areias da praia, por exemplo, em edições de verão. Concursos de variados gêneros, incluindo aqueles que buscaram novos valores para produções da casa também tiveram vez, como em 2002, quando Viviane Victorette foi a vencedora e ganhou o papel de Regininha, a amiga de Mel (Débora Falabella) em O Clone, novela de Glória Perez, e em 2005, quando foi revelado Caio Castro, que depois ganhou o papel de um dos vértices de um triângulo amoroso que contava também com Sophie Charlotte e Rafael Almeida em Malhação.

No decorrer do tempo quadros que apresentassem assistencialismo e/ou “momentos emocionantes” tiveram cada vez mais espaço no Caldeirão, como os consagrados “Lata Velha”, que reforma veículos de espectadores; “Lar, Doce Lar”, que faz o mesmo com residências dos participantes; “Visitando o Passado”, no qual artistas são conduzidos a uma viagem por sua vida ao ser reconstituído um ambiente doméstico da infância ou da adolescência (o próprio Luciano já foi alvo do quadro, ao “visitar” a loja de sua família, refeita nos Estúdios Globo); “Um por Todos”, que reúne pessoas interessadas em homenagear alguém que fez e faz a diferença numa comunidade; e “O Próximo Passo”, com reconciliações ao estilo Em Nome do Amor (quadro do Programa Silvio Santos dos anos 1990). Jogos variados que evoquem os conhecimentos dos participantes também se mostraram como algo acertado em que apostar, o que se confirma ao relembrarmos quadros como o “Soletrando”, o recente “Quem Quer Ser Um Milionário?” (que chegou a barrar os planos do SBT de relançar o Show do Milhão, já que ambos os projetos têm sua matriz no mesmo formato, de perguntas e respostas) e o atual “The Wall”, que conjuga sorte, instrução e adrenalina na busca por prêmios em dinheiro.

Competições e reality shows com artistas ou anônimos também têm seu espaço na atração, e entre os mais lembrados podem ser citados o “Saltibum”, com provas de natação e saltos ornamentais disputadas por atores e cantores; “Amor a Bordo”, surgido na onda do grande sucesso do então recém-lançado Big Brother Brasil (em 2002), que trazia sete casais desconhecidos que passavam 16 dias num iate que viaja por locais paradisíacos e românticos dos litorais fluminense e paulista; “Acorrentados”, no qual a parceira ideal de um homem deveria ser encontrada entre seis candidatas às quais ele passaria acorrentado o período de seis dias (houve também versão inversa, com uma mulher acorrentada a seis homens).

Internautas repercutem resposta atravessada de Ana Maria Braga em Luciano Huck no Caldeirão

Desde os primeiros tempos em que era mais, digamos, adolescente, com os comentários de Emílio Surita e Marcos Chiesa (do Pânico), até os programas dos últimos anos, cada vez mais “para toda a família”, o Caldeirão do Huck garantiu seu espaço na televisão brasileira, tanto quanto o Domingão do Faustão ou o Domingo Legal. E isso também se manifesta nas condições que seu apresentador enxergou – e também outras pessoas, inclusive expoentes da política e do empresariado – de, senão de ser eleito, ao menos de concorrer com mínimas chances numa eleição majoritária, como candidato a presidente da República. Política à parte, e polêmicas igualmente à parte, não se pode negar a eminência da figura de Luciano Huck na TV brasileira de seu tempo, potencializada conforme tanto o programa quanto seu líder amadurecem. A prosseguir assim, ainda que não chegue ao Planalto o responsável o Caldeirão galgará com segurança maiores postos.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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