Boa produção, Jezabel não emplaca na Record TV

Publicado em 29/05/2019

Jezabel, a atual produção bíblica da Record TV, tem amargado baixos índices de audiência. A trama não sustentou o bom público de Jesus, história que a antecedeu, e vem se posicionando até mesmo atrás de Topíssima, novela exibida antes. O que é uma pena, se levarmos em consideração que Jezabel é uma das produções bíblicas mais interessantes que a Record já produziu.

Jezabel difere das tramas religiosas anteriores da emissora em vários pontos. O primeiro deles é o texto de Cristianne Fridman. Por conta de sua experiência em novelas das mais variadas temáticas, a autora consegue imprimir um ritmo interessante de folhetim à história bíblica. Assim, Jezabel conta com capítulos ágeis, bons diálogos e personagens bem delineados. Deste modo, a trama ostenta um apelo que vai além dos muros da igreja, despertando também a atenção do espectador comum.

Por conta disso, Jezabel consegue explorar uma protagonista totalmente fora dos padrões das novelas bíblicas. A personagem-título, vivida por Lidi Lisboa, é uma vilã. Uma rainha implacável, capaz das maiores atrocidades para conseguir o que tanto deseja. Com isso, forma um contraponto interessante ao profeta Elias (Iano Salomão).

Público conservador

Além disso, Jezabel conta com uma produção caprichada. Visualmente, é uma das mais belas novelas bíblicas da emissora. Ou seja, a trama tem todos os elementos que caracterizam um sucesso. Porém, não o é. Jezabel tem registrado índices próximos aos de Apocalipse, considerada o maior fiasco dentre as novelas bíblicas da Record. Por que, então, Jezabel não conseguiu um grande público?

É possível que o fato esteja relacionado ao público conservador do horário. A Record, com suas novelas bíblicas, formou uma plateia considerável. Porém, esta plateia tende a ser mais tradicional, seduzida pela proposta “familiar” da dramaturgia da emissora. Sendo assim, para parte deste público, soa estranho uma produção liderada por uma vilã cruel. As tramas anteriores eram protagonizadas por heróis idealizados, muitos deles profetas. Agora, há uma figura controversa na linha de frente.

Ou seja, o grande charme de Jezabel é, também, sua ruína. O que é uma pena. Se esta plateia rejeita novidades, a tendência é que a dramaturgia bíblica da Record fique cada vez mais pasteurizada. E, vale lembrar, a faixa já sofre com sua sequência de produções semelhantes. O desgaste parece inevitável.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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