Nesta quarta-feira, dia 16, o SBT estreou sua nova aposta no filão das novelas infantis, As Aventuras de Poliana. Escrita por Íris Abravanel a partir do romance de Eleanor H. Porter, com direção geral de Reynaldo Boury, a história estreia com a possibilidade de chegar à marca de 700 capítulos e com uma verba de produção elevada, de cerca de R$ 120 mil por capítulo.
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Foi um primeiro capítulo longo – quase 80 minutos de duração –, mas nada que não se tenha visto na concorrência em outras estreias. O primeiro terço se concentrou em mostrar o Ceará, onde Poliana (Sophia Valverde) morava com os pais, Lorenzo (Lázaro Menezes) e Alice (Kiara Sasso), donos de uma companhia de teatro mambembe composta apenas por eles mesmos.
Também de lá é João (Igor Jansen), que ela conhece numa das apresentações dos pais. O garoto sofre por não poder estudar, obrigado pelo pai Tião (Helder Sossa) a ajudar na lavoura e no trabalho doméstico.
Esse começo da história talvez tenha sido corrido demais, e ficou no ar o porquê da separação de Poliana dos pais. A mãe morreu, muito bem, mas e o pai? Como a tia Luísa (Milena Toscano), amargurada e fria, apesar de jovem e bonita, soube que a sobrinha passaria a morar com ela, uma obrigação que ela não desejava, mas com a qual terá de cumprir? Milena saiu-se bem nas cenas em que apareceu, e desde já fica a apreensão com a possibilidade de no decorrer da novela a atriz precisar ser substituída, já que está grávida – e As Aventuras de Poliana deve chegar a ultrapassar no ar, a julgar por suas antecessoras.
Merecem destaque também os atores Jitman Vibranovski e Rafaela Ferreira, que nos papéis de Antônio, o jardineiro e motorista, e Nancy, a empregada de Luísa, representam a princípio a única fonte de carinho e ternura que Poliana terá na casa da tia.
Estrela da casa, Larissa Manoela apareceu já no primeiro capítulo dançando ao som de música bastante alta e “sensualizando”, já que não é mais a Maria Joaquina de Carrossel e isso agora é mais aceitável, por assim dizer. Apareceu pouco, mas já sentimos um conflito inicial de sua personagem Mirela – ter que cuidar sozinha da avó Branca (Lilian Blanc), que finge ser uma velhinha doente que necessita de auxílio, após a prima Nancy anunciar que vai deixar de morar com elas.
No movimentado capítulo de estreia, Poliana foi mostrada feliz com os pais, triste com a morte da mãe, sonhando com a nova vida em São Paulo, conhecendo e reencontrando o novo amigo João, sendo maltratada devido à “ajuda” de meninas que não gostaram dela na Escola Ruth Goulart – onde, sabemos, sua mãe e sua tia também estudaram e Luísa tem assuntos mal resolvidos – estariam ligados à sua amargura de hoje? Possivelmente. E terminamos o capítulo com Poliana sendo procurada por todo o bairro pela tia e pelos empregados enquanto está na escola, infiltrada num evento importante, e sem querer foi parar no palco, sob os holofotes, no momento principal da noite, quando Filipa (Bela Fernandes), a neta de uma importante integrante da comunidade escolar, Glória (Clarisse Abujamra), ia se apresentar e teve de si desviadas as atenções.
Apesar do ritmo um pouco frenético demais, das viagens dos meninos algo mal explicadas, do otimismo excessivo da protagonista – que é plenamente desculpável sendo a novela baseada na obra em que é, mas que deve ser pesado por Íris e sua equipe de colaboradores –, o primeiro capítulo apresentou bem diversos núcleos da história, mostrou Sophia e Igor bastante seguros em cena, com pequenas arestas a serem aparadas no decorrer da apresentação – valendo aqui lembrar que o SBT grava suas novelas com bastante antecedência, ao contrário da Globo, por exemplo, onde há uma “frente”, mas não tão grande –, o visual e o tom dão mostras de que o público da emissora de Silvio Santos não deve mudar de canal ao final de Carinha de Anjo. O filão da novela infantil, se levado a sério como tem feito o SBT, tem uma dignidade inegável e que deve ser exaltada. Abaixo, o primeiro capítulo na íntegra: