As Aventuras de Poliana e Jezabel: compactos exibidos aos sábados ajudam o público a acompanhar as novelas

Publicado em 06/07/2019

Aos sábados, As Aventuras de Poliana e Jezabel, ambas exibidas por volta das 21h, a primeira pelo SBT e a segunda pela Record TV, não apresentam capítulos inéditos. As emissoras abrem mão de prosseguir com as narrativas das histórias para reapresentar em compacto os acontecimentos da semana que termina. Ou seja, SBT e Record TV exibem apenas cinco capítulos de suas novelas por semana. Ao passo que a Rede Globo, excetuando-se o Vale a Pena Ver de Novo e Malhação, prossegue com capítulos inéditos aos sábados para as três produções noturnas. Compactos exibidos aos sábados têm sido boa alternativa para o público interessado.

As Aventuras de Poliana: primeira novela infantojuvenil a ter compactos exibidos aos sábados de forma sistemática

Salvo ocasiões esporádicas, As Aventuras de Poliana, de Íris Abravanel, é a primeira novela infantojuvenil do SBT a ter capítulos compactos da semana aos sábados. Anteriormente, a faixa das 21h era consagrada pela emissora à linha de shows. No entanto, os bons números alcançados pela novela já de cara levaram o SBT a exibir um compacto ao fim da primeira semana. E este foi mantido desde então.

Antigamente, quando boa parte das residências tinha em geral só um aparelho de TV, horários coincidentes levavam à disputa das famílias pelo domínio do controle remoto. De tal forma que, caso fossem ao ar, compactos como os que hoje temos aos sábados ajudariam bastante. Mas mesmo hoje eles ajudam, para o caso do espectador perder algum capítulo, ou querer rever momentos-chave da narrativa sem recorrer à internet ou, pior ainda, esperar por uma reprise.

Jezabel: seguindo os passos de Jesus

Jezabel (Lidi Lisboa) em Jezabel
Jezabel Lidi Lisboa em Jezabel ReproduçãoRecord TV

Antes de Jezabel, de Cristianne Fridman, o horário das 20h45min da Record TV exibiu Jesus, de Paula Richard. Já com a história do filho de Deus, interpretado por Dudu Azevedo, a emissora adotou a prática dos compactos aos sábados. Em cerca de duas horas ou um pouco menos, os acontecimentos dos cinco capítulos imediatamente anteriores são rememorados de forma compacta. O gancho costuma ser o mesmo que encerra o capítulo de sexta-feira. Por exemplo, na semana passada foi a abordagem de Raquel (Sthefany Brito) por um estranho, que a estuprou. Anteriormente, em 2018, o horário foi ocupado por uma das reapresentações de José do Egito (2012), minissérie de Vivian de Oliveira. Os bons números alcançados pelo repeteco animaram a Record TV a manter o horário bíblico também aos sábados.

Capítulos inéditos de novelas aos sábados: eles são necessários?

Desde 2009, a Record TV deixou de apresentar capítulos inéditos de suas novelas aos sábados. Na ocasião, a saber, suas atrações eram Poder Paralelo, de Lauro César Muniz, e Bela, a Feia, de Gisele Joras a partir do original de Fernando Gaitán, atualmente em reprise. Posteriormente, o SBT também deixou de lado as novelas nas noites de sábado, priorizando séries e a linha de shows da casa. Apenas a Globo prosseguiu com a teledramaturgia nesse dia da semana normalmente, com as novelas das 18h, 19h e 21h.

Um meio de evitar as “barrigas”

Sábados e segundas-feiras costumam ser os dias nos quais as emissoras atingem suas menores audiências. Esse foi um dos motivos, por exemplo, para que o último capítulo dos folhetins eletrônicos passasse a ser reprisado nesse dia, bem como para que as estreias em alguns horários deixassem de ocorrer nas segundas. Com Bom Sucesso, nova novela das 19h que estreia no final do mês, a prática será deixada de lado. Todavia, sendo o sábado um dia atípico na semana, mesmo que algumas pessoas trabalhem ou estudem, por que não investir realmente em atrações diferenciadas nesse dia da semana? Por que não produzir séries, ou desinflar a grade noturna dos dias úteis e deslocar para os sábados atrações musicais, por exemplo?

Com efeito, essa poderia ser uma boa saída para manter as novelas no ar pelo prazo médio de cinco a sete meses sem, no entanto, exibir o mesmo número de capítulos. De modo que o trabalho dos autores para contar suas histórias seria otimizado, readequado. Numa novela prevista para durar seis meses, como A Dona do Pedaço, seriam por volta de 25 capítulos a menos. E os noveleiros sabem como 25 ou 30 capítulos a menos podem colaborar para evitar as “barrigas” nas quais nada de relevante acontece.

Obstáculos comerciais e de produção comprometem a ideia do “sábado sem novela”; compactos exibidos aos sábados são apenas uma das opções

Compromissos com os anunciantes e otimização da produção das novelas levam à exibição de capítulos nas noites de sábado. Mesmo os domingos, nos idos anos 1960, também chegaram a ter capítulos inéditos, na TV Excelsior. Ao contrário, as novelas das 22h da Globo, nos anos 1970, não iam ao aos sábados, bem como suas sucessoras, as minisséries. Inicialmente as novelas das 18h também só eram transmitidas de segunda a sexta-feira.

No tocante aos investimentos de produção das emissoras no gênero novela, com toda a certeza é melhor exibir o mesmo produto seis noites por semana, diluindo mais ainda os custos e aumentando a margem de lucratividade, do que dedicar uma dessas noites a outros programas, com seus próprios investimentos e públicos. No entanto, se bem formatados esses novos programas conseguem se pagar e dar o retorno esperado em todos os sentidos, enquanto o público é habituado ao “sábado sem novela”. Ao menos, sem apresentação inédita.

Os compactos da semana exibidos nesse dia não apenas ajudam os espectadores a não perderem o fio da meada, como também podem eventualmente seduzir uma parcela da audiência que se interessa pela história em questão, mas que por qualquer motivo não pode acompanhá-la noite após noite, prescindindo do compacto. Tanto As Aventuras de Poliana quanto Jezabel atingem aos sábados com seus capítulos condensados audiência semelhante à dos inéditos. Uma mostra da viabilidade dessa forma de apresentação. Bem como da possibilidade de oferecer outros conteúdos, ou os mesmos de forma diferenciada, a um público que tem na TV aberta um costumeiro porto seguro.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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