Arlete Salles prova que a novela pode ser ruim, mas o personagem pode ser ótimo

Publicado em 29/08/2015

Babilônia acabou nesta sexta-feira (28) e entra para a história da teledramaturgia como uma das piores novelas na faixa das 21h. Fracasso de público e crítica, a trama sofreu diversas alterações ao longo dos capítulos e se transformou em um verdadeiro remendo mal feito. Mas uma coisa se salva em Babilônia e é unanimidade entre todos, a irretocável interpretação de Arlete Salles no papel da reacionária, preconceituosa, homofóbica, corrupta, malandra e divertidíssima, Consuelo, a mãe do Aderbal (Marcos Palmeira).

Arlete Salles, aos 73 anos e recém curada de um câncer de mama, entrou para o elenco de Babilônia e salvou seu núcleo, com a irreverência e competência que marcam sua história na televisão. A atriz que começou sua carreira na década de 1950 e já atuou em cerca de 50 novelas conseguiu se destacar em meio a personagens mal interpretados na novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares.

Polêmica e reflexo direto de muitas pessoas reais na sociedade brasileira, Consuelo trouxe consigo o preconceito, a intolerância, a ganância, a busca pela fama, pelo dinheiro, pelo poder, o autoritarismo, mas ainda sim conseguiu ser amada pelo público, porque Arlete Salles fez a personagem que tinha tudo para ser chata, ser a mais ‘legal’ e divertida de Babilônia, uma verdadeira comédia de situações reais, uma sátira aos religiosos fanáticos e aos políticos corruptos.

O bordão de Consuelo “Puro Chiquê” caiu na boca das pessoas e tudo que a personagem dizia em cena e suas expressões corporais faziam rir em meio a outras cenas sem graça e deslocadas da novela.

Sem grandes protagonistas, péssimos vilões, uma mocinha para ser esquecida, Arlete Salles e sua Consuelo poderiam ter sido apenas mais uma mãe mandona, relegada ao segundo plano, ao espaço limitado de um coadjuvante, mas pelo contrário, será lembrada eternamente como o lado bom de Babilônia. Uma personagem que fez rir para não chorar!

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