Análise | O final de Revenge

Publicado em 15/05/2015

Após quatro anos, a série norte-americana Revenge chegou ao fim. O último episódio intitulado Two Graves (Duas Covas) foi ar em 10 de maio nos Estados Unidos, pela ABC, e vai ao ar em 27 de maio no Brasil, no canal pago Sony.

[SPOILERS a seguir]

A saga de Emily Thorne/Amanda Clarke (Emily VanCamp) terminou com um final feliz. Os produtores tinham duas opções: apostar no óbvio e agradar o público; ou arriscar, ousar e fazer algo realmente surpreendente.  A primeira prevaleceu.

Baseada em ‘O Conde de Monte Cristo‘, obra de Alexandre Dumas, a série tinha tudo para agradar o público e conseguir fãs por onde passasse. Fazer da protagonista uma personagem que não é tão boazinha assim é uma tentativa de fugir da tradição e, ainda assim, ter a torcida de quem acompanha a série. Por isso, o final clichê decepciona.

Emily usou todos os meios possíveis, legais e ilegais, para conseguir o que queria: vingar a morte de seu pai, David Clarke (James Tupper); usou e enganou pessoas que cativou com seu jeito de boa moça para “fazer justiça com as próprias mãos”. A protagonista parecia ter como lema uma das frases mais famosas de Maquiavel: “os fins justificam os meios”.

Ao final da terceira temporada, Revenge começou a declinar no que se refere à história propriamente dita. Foi revelado que David estava vivo e boa parte dos fãs se perguntou: “tudo isso para nada?”. A trama perdia um elo forte e importante para dar continuidade, chegar ao clímax e ter um final que pudesse fugir do convencional.

Para muitos, tudo poderia ter se resolvido na terceira temporada, mas, com índices de audiência razoáveis, a série foi renovada por mais um ano. Contudo, era sabido que não iria muito longe, afinal não tinha mais para onde correr e, cada vez mais, a vingança de Emily não fazia sentido. Os ganchos que aconteciam nas duas primeiras temporadas não prendiam mais tanto a atenção do telespectador e nem despertavam aquela sensação de “preciso ver o que vai acontecer no próximo episódio já!”.

Mesmo com os problemas na história, Revenge tinha algo poderoso: prendia os fãs. Como dito, os ganchos antes eram melhores, mas ainda assim o público fiel continuou acompanhando. Com o passar do tempo, porém, foi perdendo o tesão pela série. Prova disso é a diferença de audiência entre a primeira e a última temporada. Nos EUA, a média por episódio foi de 7,8 milhões na primeira temporada; a segunda e terceira tiveram média de 7 e 6,2 milhões, respectivamente. A quarta, última, teve a pior, com 4,6.

A forma como Emily encurralava as pessoas era uma das coisas mais legais nas primeiras temporadas; mesmo em situações complicadas, a socialite conseguia o que queria, sempre contando com a ajuda de seu fiel amigo Nolan Ross (Gabriel Mann). Todos ficavam boquiabertos quando o flashback aparecia e explicava como tudo de desenrolou.

Emily, que não media esforços para alcançar seu objetivo, se mostrava uma pessoa sem sentimentos. E perdemos a conta de quantas vezes ela magoou pessoas próximas que acreditavam nela, como Jack Porter (Nick Wechsler), para acabar com as pessoas que destruíram sua família. Até Victoria Grayson (Madeleine Stowe), considerada vilã, mostrou mais sensibilidade com entes queridos.

Emily não deveria sair ilesa dessa história. Ela nunca se arrependeu de tudo o que fez, mas sente orgulho de nunca ter matado uma pessoa diretamente, mesmo sendo a responsável por vários crimes indiretamente, como se uma coisa justificasse a outra. O fato de se mostrar forte e, no fundo, ser uma pessoa teoricamente do bem também não justifica.

Talvez, o melhor fim para Amanda fosse morrer sozinha ou apodrecer na cadeia e arcar com as consequências de tudo que fez nesses anos. No fim, tudo foi perdoado, até mesmo por Jack, que sempre discordou das atitudes da amada.

Esta não foi uma história do bem contra o mal. Em Revenge, a protagonista não é a mocinha e, portanto, não merecia ter seu “happy ending”.

Por Jaiane Valentim
https://www.facebook.com/jah.valentim

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