Amor de Mãe: virada de Vitória aumenta a complexidade da personagem

Publicado em 04/02/2020

Vitória (Taís Araújo) não é uma heroína fácil de defender. Uma das protagonistas de Amor de Mãe, a advogada já tomou uma série de atitudes questionáveis ao longo da história de Manuela Dias. No passado, abandonou um filho e mentiu para o pai dele e para a sua própria família. No presente, aceitou dinheiro de caixa dois e defendeu Álvaro (Irandhir Santos) diante de uma série de crimes. Porém, neste momento da trama, Vitória se viu mudando de atitude, caminhando para uma redenção.

Vitória nunca se mostrou confortável atuando como advogada da PWA. Porém, aceitou fazê-lo em nome de uma carreira bem-sucedida. A busca por se tornar uma profissional reconhecida justificou os atos da jovem. No entanto, suas escolhas geraram cicatrizes. Ela começou a trama lamentando não ser mãe e, mais tarde, descobrimos que tal lamentação era movida pela culpa de ter entregue seu filho na juventude. De repente, ela reencontra o filho, ao mesmo tempo em que adota um e tem um bebê. Ou seja, em pouco tempo, ela se viu mãe de três.

Deste modo, Vitória novamente repensou sua vida. Quando notou que o homem que defendia se tornou uma ameaça real à sua família, a advogada finalmente encontrou forças para romper seu acordo com Álvaro. Como consequência, abriu mão de uma vida de luxo e confortável. Assim, Amor de Mãe promoveu uma interessante virada na vida de Vitória, pois abordou, longe da pieguice habitual, a transformação da personagem por meio da maternidade. Em suma, Vitória é essencialmente humana.

Taís Araújo

As nuances de Vitória também soam como uma redenção à Taís Araújo. A atriz, em Amor de Mãe, voltou ao horário nobre depois de sua pouco querida Helena, a protagonista de Viver a Vida (2009). A antológica heroína de Manoel Carlos não foi um “presente” para ela. Mal desenvolvida e sem vida própria, Helena não aconteceu, e Taís Araújo foi alvo de inúmeras críticas na época. Em entrevistas, a atriz chegou a revelar que repensou sua carreira depois deste turbilhão.

Agora, defendendo a difícil Vitória com tanto afinco, Taís Araújo faz as pazes, em definitivo, com sua profissão. Nada mais justo que ela volte a brilhar na faixa das nove depois da experiência pouco produtiva de dez anos atrás.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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