Vitória (Taís Araújo) não é uma heroína fácil de defender. Uma das protagonistas de Amor de Mãe, a advogada já tomou uma série de atitudes questionáveis ao longo da história de Manuela Dias. No passado, abandonou um filho e mentiu para o pai dele e para a sua própria família. No presente, aceitou dinheiro de caixa dois e defendeu Álvaro (Irandhir Santos) diante de uma série de crimes. Porém, neste momento da trama, Vitória se viu mudando de atitude, caminhando para uma redenção.
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Vitória nunca se mostrou confortável atuando como advogada da PWA. Porém, aceitou fazê-lo em nome de uma carreira bem-sucedida. A busca por se tornar uma profissional reconhecida justificou os atos da jovem. No entanto, suas escolhas geraram cicatrizes. Ela começou a trama lamentando não ser mãe e, mais tarde, descobrimos que tal lamentação era movida pela culpa de ter entregue seu filho na juventude. De repente, ela reencontra o filho, ao mesmo tempo em que adota um e tem um bebê. Ou seja, em pouco tempo, ela se viu mãe de três.
Deste modo, Vitória novamente repensou sua vida. Quando notou que o homem que defendia se tornou uma ameaça real à sua família, a advogada finalmente encontrou forças para romper seu acordo com Álvaro. Como consequência, abriu mão de uma vida de luxo e confortável. Assim, Amor de Mãe promoveu uma interessante virada na vida de Vitória, pois abordou, longe da pieguice habitual, a transformação da personagem por meio da maternidade. Em suma, Vitória é essencialmente humana.
Taís Araújo
As nuances de Vitória também soam como uma redenção à Taís Araújo. A atriz, em Amor de Mãe, voltou ao horário nobre depois de sua pouco querida Helena, a protagonista de Viver a Vida (2009). A antológica heroína de Manoel Carlos não foi um “presente” para ela. Mal desenvolvida e sem vida própria, Helena não aconteceu, e Taís Araújo foi alvo de inúmeras críticas na época. Em entrevistas, a atriz chegou a revelar que repensou sua carreira depois deste turbilhão.
Agora, defendendo a difícil Vitória com tanto afinco, Taís Araújo faz as pazes, em definitivo, com sua profissão. Nada mais justo que ela volte a brilhar na faixa das nove depois da experiência pouco produtiva de dez anos atrás.
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