A Indomada no Viva é uma reprise bastante oportuna

Publicado em 16/08/2018

Em cartaz no principal horário de novelas do Viva, A Indomada (1997) entrou recentemente em sua segunda fase. Com o retorno de Lucia Helena (Adriana Esteves) à Greenville, onde deve cumprir um acordo de seus tios e se casar com Teobaldo Faruk (José Mayer), a novela começa de fato. Nesta fase, a história de Aguinaldo Silva ganha muito em humor, destacando personagens antológicos em bons momentos.

Enquanto Helena tenta se recuperar de uma picada de escorpião, sua tia Maria Altiva (Eva Wilma) toca o terror em Greenville. Autoproclamada defensora da “moral e dos bons costumes”, a beata se esforça em impedir o casamento de uma prostituta na igreja da cidade. A movimentação das beatas mexe com toda a cidade, reverberando em todos os núcleos da história. Além disso, o espectador acompanha o primeiro de muitos embates entre o prefeito Ypiranga Pitiguari (Paulo Betti) e a juíza Mirandinha (Betty Faria). Esta última é implacável na tentativa de impedir os devaneios do prefeito falastrão.

Leia também: Filé do Viva, novelas demonstram erros de estratégia do canal

A tensão do delicado estado de saúde de Helena contrasta com sequências absolutamente divertidas. E a vilã Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque é uma das grandes atrações deste início de novela. Um dos trabalhos mais memoráveis da atriz Eva Wilma, Altiva tem um texto espirituoso, que brinca com a hipocrisia dos que se consideram baluartes da moral. Além disso, sua prosódia que mistura inglês e português, com um sotaque nordestino, dão a ela um charme especial. “Ó xente, mai gódi!” e “weeeell” são alguns dos bordões que a vilã emplacou.

A Indomada: grandes atores em momentos inspirados

Além de Eva Wilma, o elenco de A Indomada tem outros destaques. Um deles é Renata Sorrah, vivendo a forte Zenilda, dona do bordel Casa de Campo. É ela uma das principais inimigas de Altiva, com quem terá diversos e divertidos embates ao longo da obra. Aliás, mulheres fortes não faltam em A Indomada. A juíza Mirandinha, de Betty Faria, é outro tipo marcante, sem dúvidas uma das grandes personagens da atriz.

Luiza Tomé, considerada por anos um “talismã” pelo autor Aguinaldo Silva, é outra que está em grande forma em A Indomada. A primeira-dama de Greenville, Scarlet, é um tipo divertido e marcante. Isso sem falar em Adriana Esteves, que retornava à Globo após uma passagem pelo SBT em grande estilo. Helena é uma protagonista madura, e que credenciou a atriz à uma série de outros importantes trabalhos na emissora desde então.

Realismo fantástico em alta

A Indomada foi uma das últimas novelas das nove a tratar do realismo fantástico. Em Greenville, tudo pode acontecer. As noites de lua cheia da cidade provocam reações em Scarlet. O buraco aberto no centro da cidade leva ao Japão. Tudo isso regado a um humor característico, com uma boa dose de ironia e crítica social. Estes ingredientes fazem de A Indomada uma novela boa de se acompanhar. Depois dela, o autor Aguinaldo Silva só retornaria ao realismo fantástico em 2001, com Porto dos Milagres.

No entanto, o autor se prepara para voltar ao filão em O Sétimo Guardião, trama que substituirá Segundo Sol. Sendo assim, a reprise de A Indomada veio numa hora oportuna. Funciona como uma espécie de “esquenta” à próxima trama das nove. Além disso, ajuda a fazer o público relembrar de um tempo em que novelas das nove mais leve e bem-humoradas eram possíveis. Hoje, há um “excesso de realismo” que tornam as produções das nove mais densas e soturnas. A Indomada mostra que o público das nove gosta de um “respiro” de vez em quando.

Leia também: Fofocalizando perde a mão em mais uma briga entre apresentadores

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade