A Cara do Pai traz bons atores em enredo batido

Publicado em 18/12/2016

Aposta da Globo para a programação de fim de ano, A Cara do Pai estreou na tarde deste domingo (18), cumprindo a missão de ser um bom entretenimento familiar. Apostando numa comédia simples e dois atores com grande presença cênica, Leandro Hassum e Mel Maia, a nova série não trouxe nada de novo, mas teve seus momentos.

O enredo soa até batido: um pai separado tenta agradar a filha em seus finais de semana juntos, mas ela é uma pré-adolescente que tem vergonha do pai e suas atitudes infantis. A espinha dorsal explora o já conhecido pai infantilizado e meio moleque, em contraposição a uma menina precocemente madura. No primeiro episódio, os dois tentaram sair da rotina e fazer coisas diferentes juntos. Théo, o pai, leva à filha Duda à piscina de bolinhas, mas acaba se divertindo sozinho enquanto a garota morre de vergonha. Mais adiante, ela escolhe um parque radical e o pai tenta driblar o medo e encarar uma tirolesa, mas acaba desmaiando ali. Desta vez, a menina se divertiu e achou o pai “radical”. Neste molho, houve ainda a rivalidade entre Théo e Ricardo (Thiago Rodrigues), o namorado de sua ex-mulher, que aparece de surpresa ao longo deste programa entre pai e filha.

Estreia de A Cara do Pai é despretensiosa e combina com o horário

Ou seja, A Cara do Pai segue religiosamente a cartilha das sitcoms familiares, sobretudo aquelas que subvertem os papéis entre pais e filhos. Nesta seara, até mesmo a TV brasileira já teve produções anteriores, como Minha Nada Mole Vida, no qual o personagem de Luiz Fernando Guimarães se desdobrava para apresentar um programa noturno de festas e passar o fim de semana com o filho vivido por David Lucas, outra criança exageradamente madura. Em A Cara do Pai, o protagonista não é um apresentador de TV, e sim um humorista de stand up comedy. O episódio todo costurado pelo show de Théo é o trunfo do formato da série, lhe dando um diferencial. Também não é uma novidade, pois se trata do mesmo recurso amplamente explorado por Seinfeld, mas funcionou bem com a proposta da série.

A maior novidade de A Cara do Pai foi trazer Leandro Hassum num papel cômico sem histeria, como eram seus personagens em programas como Zorra Total e Os Caras de Pau, ou nos filmes que protagonizou. Mais sutil, Hassum consegue explorar novas nuances de interpretação e não decepciona. Além disso, forma uma dupla bastante simpática com Mel Maia, atriz mirim que impressiona pela tamanha naturalidade em cena. Como sempre, a menina rouba a cena sempre que aparece. O elenco tem ainda Walther Breda, ótimo como o pai de Hassum; e a sempre ótima Alessandra Maestrini, que apareceu somente em voz no episódio de estreia. Ela vive Silvia, a ex-mulher de Théo, e já ficamos na torcida pra que ela tenha mais espaço nos episódios seguintes. Alessandra, dona de uma bela voz e diversos recursos dramáticos, é uma atriz que deveria fazer mais televisão.

Mesmo não trazendo nada de novo, A Cara do Pai é uma importante aposta da Globo numa dramaturgia mais infanto-juvenil. Depois de extinguir toda a sua programação infantil, o canal dificilmente dá chance para crianças, e a nova série, apesar de vir com uma proposta familiar, tem boas chances de agradar a molecada. Aliás, seria uma boa estratégia para o canal continuar destinando suas tardes de domingo para a dramaturgia infanto-juvenil, como já fez no passado com Sandy e Junior, além de especiais de fim de ano como O Pequeno Alquimista e O Chuveiro do Tempo. Sem dúvidas, uma boa forma de voltar a apostar neste nicho.

Aliás, A Cara do Pai estreia com a mesma missão destes especiais de fim de ano, pois está prevista, inicialmente, uma pequena temporada com quatro episódios para preencher a grade dominical, enquanto o futebol dá um tempo. Mas, segundo o próprio Hassum, uma temporada maior já está sendo produzida. Ou seja, A Cara do Pai ainda terá um tempo para se estabelecer, e até mesmo ganhar mais substância e explorar novas possibilidades.

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