crítica

Final feliz justifica nova versão de Éramos Seis

A autora Ângela Chaves acertou no tom otimista de sua trama

Publicado em 27/03/2020

Como justificar refazer uma história já contada outras quatro vezes na TV? Este era o desafio de Éramos Seis, versão de Ângela Chaves baseada em texto de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, que adaptaram o romance de Maria José Dupré. Pois a versão da Globo não apenas foi bem-sucedida em recontar esta saga familiar tão magnética, como também deu um merecido final feliz a personagens que não tiveram essa sorte nas novelas anteriores.

A dona Lola de Gloria Pires personificou bem o espírito deste remake. Ao contrário das Lolas anteriores, esta surgiu mais atualizada. Dentro de seu contexto histórico, é verdade, mas menos submissa e mais contestadora. E não apenas o texto, mas a excepcional interpretação da atriz, conseguiram encontrar o equilíbrio destas características, fazendo com que ela não soasse anacrônica. O resultado superou as expectativas.

Com isso, Gloria Pires se mostrou a escolha natural para esta personagem tão importante. Isso porque Lola é uma personagem muito simples e humana. Seus sentimentos são contidos, exteriorizados por olhares sutis. Ou seja, um prato cheio para uma atriz minimalista como Gloria. De quebra, Éramos Seis fez com que a atriz fizesse as pazes com o folhetim, depois de personagens pouco desafiadores em seus últimos trabalhos. Foi uma volta por cima.

Finais felizes

Justamente por fazer uma Lola tão apaixonante e terna, Gloria Pires levou Lola a um novo lugar. E o público correspondeu positivamente, ao torcer por um inédito final feliz para a dona de casa. Vale lembrar que, nas versões anteriores, Lola terminava seus dias já idosa e sozinha, num quartinho em um pensionato de freiras, relembrando seu passado com os filhos e o marido. Desta vez, ela mereceu um novo amor, Afonso (Cassio Gabus Mendes) e os filhos por perto.

Mas a versão 2020 de Éramos Seis também reservou alegrias para personagens como Clotilde (Simone Spoladore) e tia Emília (Susana Vieira), dois dos destaques desta nova montagem. Com isso, Ângela Chaves transformou a saga familiar de Éramos Seis numa história capaz de renovar as esperanças do público. Num momento como este, nada mais oportuno.

Lolas

Em meio a tantos acertos, Éramos Seis ainda ofereceu um momento muito especial aos noveleiros. Nada menos que o encontro entre Gloria Pires, Irene Ravache (a Lola do SBT) e Nicette Bruno (a Lola da Tupi). Numa sequência simpática e cheia de afeto, as intérpretes desta antológica personagem deram às bênçãos. É bom quando a Globo se curva, no bom sentido, nos sucessos de seus concorrentes. Afinal, as homenagens à versão do SBT também se estenderam às participações de Marcos Caruso, Luciana Braga, Wagner Santistebam e Othon Bastos. Merecido.

Por conta disso, o saldo é positivo. Ângela Chaves deu uma nova visão ao romance de Maria José Dupré e mostrou um texto delicado e cheio de qualidades. A direção e o elenco também corresponderam. Em suma, uma adaptação vitoriosa.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo. 

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