Apelativo, Alerta Nacional resgata formato que não fazia falta à TV

Publicado em 28/01/2020

Alerta Nacional, nova aposta da RedeTV!, tem um grande mérito: mostrar para todo o Brasil a grande inspiração de Jorge Bevilacqua (Welder Rodrigues), o afetado (e divertido) apresentador do Jardim Urgente, quadro do Tá no Ar, da Globo. Sikera Jr. e o personagem se confundem, tamanha a semelhança. É de um jeito atabalhoado e falastrão que o apresentador comanda um jornal policial, resultando numa estranha mistura entre violência e humor.

Alerta Nacional é a versão para todo o país do Alerta Amazonas, atração que Sikera comanda, com sucesso, em Manaus (AM). É um tipo de formato que encontra muita força em emissoras regionais, já que leva para a tela situações e personagens próximos de quem os assiste. No entanto, parece um formato ultrapassado em um programa de proporções nacionais. Um apresentador que exibe matérias policiais e profere discursos demagogos não rende mais atenção como um dia já rendeu.

Alerta Nacional bebe da fonte do Cadeia, de Alborghetti, uma referência no segmento. Depois dele, foi Ratinho quem deu continuidade ao formato, no lendário 190 Urgente. José Luiz Datena é outro “herdeiro” do ramo, imprimindo este estilo ao Cidade Alerta, da Record TV e, posteriormente, ao Brasil Urgente, da Band. A própria RedeTV! já teve um similar, Repórter Cidadão, que foi apresentado pelo próprio Datena, além de Marcelo Rezende.

Mas a história mostra que se trata de um formato de vida curta. Os programas remanescentes do segmento, Cidade Alerta e Brasil Urgente, tiveram que se adaptar para sobreviverem. Hoje, o Cidade Alerta se mantém graças aos casos policiais que acompanha, que transformaram o programa numa “novelinha”. Já o Brasil Urgente se pauta na prestação de serviço, com assuntos que interessam aos moradores de São Paulo e garantem a audiência da capital paulista.

Muito barulho por nada

Neste contexto, Alerta Nacional tenta resgatar o “espírito” de Alborghetti e companhia. Sikera Jr. atua como o dono da verdade, proferindo discursos teatrais politicamente incorretos. Assim, ataca bandidos com a mesma força que faz insistentes piadas sobre o uso da maconha. Não faltam ofensas e palavrões.

Ou seja, é um tipo de programa que pode até repercutir, em razão do inusitado da coisa. Mas dificilmente se sustenta apenas nos fatos policiais e nos gracejos do apresentador. Para sobreviver, Alerta Nacional terá que ir para além do óbvio. Senão, corre o risco de se tornar um novo Denúncia Urgente, de “Eddie Zap”.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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