“Arrasa-quarteirão”, Avenida Brasil é aposta segura da Globo

Publicado em 07/10/2019

A direção da Globo demorou para recauchutar suas tardes depois do fim do Vídeo Show. O clássico vespertino foi extinto em janeiro, enquanto seu substituto, Se Joga, foi lançado quase dez meses depois. No entanto, a atração de Fernanda Gentil não é a única arma do canal para fortalecer suas tardes. O retorno de Avenida Brasil no Vale a Pena Ver de Novo é outra manobra poderosa neste sentido.

Última novela das nove a agradar público e crítica, Avenida Brasil é uma obra cuja reprise sempre foi solicitada. Mas a emissora foi paciente, guardando o folhetim de João Emanuel Carneiro como um curinga, de modo a sacá-lo da gaveta num momento oportuno. Optou por retirá-lo agora, num contexto em que a emissora busca se cercar de algumas garantias. Avenida Brasil não apenas tem a missão de impulsionar toda a grade noturna, mas também substituir a bem-sucedida reprise de Por Amor.

Sete anos separam a exibição original da reprise. É a hora de descobrir se a saga de Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves) envelheceu bem ou não. Afinal, em 2012, o contexto social e econômico brasileiro dialogava com a história da novela. Avenida Brasil tem como pano de fundo a ascensão da classe média, propondo uma inversão de papéis: os protagonistas são pessoas de origem humilde bem-sucedidas, enquanto os ricos tradicionais compunham o núcleo cômico. Ou seja, um contexto que se modificou de lá para cá. Porém, a favor da história está sua espinha dorsal, que nada mais é que uma clássica história de vingança.

Trajetória de sucesso

Além da clássica trama de vingança, Avenida Brasil tem outros predicados que a colocam como uma aposta segura. Pra começar, a trama foi bem-sucedida não apenas no Brasil, mas em vários outros países, tornando-se uma novela campeã de exportações.

Além disso, ela conta com um texto que, se não reinventa a roda, usa todos os recursos disponíveis ao seu favor. João Emanuel Carneiro foi esperto ao resgatar características clássicas de folhetim, como os poderosos ganchos aos finais de blocos e finais de capítulos, mesclando-as a uma narrativa episódica. Haviam arcos de tramas que se fechavam, dando um ritmo de série à história.

Mas o grande trunfo da obra é um elenco bastante harmônico, encabeçado por uma Adriana Esteves em estado de graça. Carminha se tornou uma vilã icônica, e não foi por acaso. As frases cortantes do texto encontraram na atriz a embocadura perfeita para fazer história. E como ninguém brilha sozinho, ela tinha o contraponto ideal em Débora Falabella, numa de suas melhores performances na TV. Sem dúvidas, vale a pena ver de novo.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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