Apresentadores afobados e barulheira marcam estreia de Se Joga

Publicado em 30/09/2019

É sempre complicado analisar um programa pela estreia. Afinal, não é com um episódio que um programa de variedades consegue dizer a que veio. Isso ficou bem claro na estreia do Se Joga na tarde desta segunda-feira (30) na Globo. O programa com Fernanda Gentil, Érico Brás e Fabiana Karla não teve tempo para cumprir tudo o que prometeu. Na verdade, a estreia foi marcada por quadros batidos, apresentadores afobados e um ruído constante e exagerado. A impressão não foi das melhores.

Alguns quadros foram apresentados na estreia do Se Joga. A atração começou com a Nuvem de Palavras, exatamente o mesmo quadro já exibido no Encontro, com os apresentadores comentando o que já foi comentado na internet. O quadro já começou errado na concepção. Afinal, ser pautado pela internet foi o que matou o Vídeo Show. Se Joga foi pelo mesmo caminho.

Além disso, o quadro mostrou que ainda falta entrosamento para o trio de apresentadores. Fabiana e Érico pareciam perdidos, enquanto Fernanda tentava dar algum rumo à conversa. Acabaram que falaram todos ao mesmo tempo. Para piorar, os efeitos de sonoplastia irritante, com um excesso de buzinas e frase engraçadinhas, mais irritavam do que divertiam.

Vídeo Show Celebridades

Em outro quadro exibido, Fernanda Gentil mostrou curiosidades do celular da atriz Paolla Oliveira. A ideia era parecer invasão, mas o que foi mostrado pareceu muito combinado. Além disso, foi um quadro um tanto batido. Parecia uma mistura entre o Rede da Fama, do Eliana, com o Pra Quem Você Tira o Chapéu?, do Programa Raul Gil, ambos do SBT. Para piorar, a conversa foi composta por temas chapa-branca. Mais uma vez, recorreram ao mesmo tipo de conteúdo que matou o Vídeo Show.

Porém, o quadro serviu para mostrar que Fernanda Gentil funciona bem sozinha. Ela fala um pouco rápido demais, é verdade, mas é simpática, divertida e tem boas sacadas. Com isso, é questionável a decisão de ter três apresentadores na atração.

A apresentadora também tocou um quiz show com a plateia, o Que Conta É Essa?. Foi um quadro um tanto sem propósito em meio aos demais conteúdos. Afinal, até então, Se Joga falava de celebridades. De repente, virou um game sobre o que é mais caro e o que é mais barato. Não fez sentido.

Humor é o diferencial

Mas nem tudo foi ruim na estreia do Se Joga. A aposta no humor foi o ponto alto da atração. O comediante Paulo Vieira apresentou o quadro Isso é Muito a Minha Vida, uma nova versão do Emergente como a Gente, que fazia na Record. No quadro, o humorista faz graça sobre os hábitos populares com os quais o espectador se identifica. Nada de novo, mas divertido.

Além disso, Paulo Vieira esteve ao vivo no palco do Se Joga. E foi muito bem. Dominou a plateia e fez piada sobre tudo, citando até mesmo o Casos de Família, do SBT. Outro momento divertido foi justamente o início, quando Fabiana Karla e Érico Brás “tiraram” Fernanda da geladeira. Saber rir de si mesmo é uma qualidade importante, que a Globo está aprendendo.

Mas não é o suficiente. Se Joga precisa de ajustes urgentes. Se a ideia era substituir o Vídeo Show, não faz sentido apostar em tantos quadros que lembram o seu antecessor. Além disso, é preciso definir melhor o espaço dos apresentadores. Há gente demais e novidade de menos. Além, claro, de diminuir os ruídos desnecessários. Em suma, para decolar, será preciso mexer muito nesta fórmula. Não convenceu.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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