Não se engane com a embalagem modernosa impressa pela direção arrojada de Rogério Gomes. O Sétimo Guardião é um folhetim dos mais tradicionais. Sim, a trama até tem jeito de novidade, vide as inúmeras novelas que a antecederam e pesaram demais a mão no “realismo”. Uma novela das nove baseada na fantasia parece até novidade nos dias de hoje. Mas não é. O autor Aguinaldo Silva nada tem feito além de revisitar seu próprio universo.
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Novelista que entende do riscado, Aguinaldo Silva é um exímio “carpinteiro” de novelas. Com a ampla experiência adquirida, o veterano sabe como poucos costurar uma história. E, em O Sétimo Guardião, ele tem voltado a explorar tipos estranhos que vivem numa cidadezinha onde tudo pode acontecer. Expediente adotado em histórias como Pedra Sobre Pedra, Fera Ferida e A Indomada, num estilo que fez muito sucesso na década de 1990.
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No entanto, não é só esta fórmula que Aguinaldo Silva resgatou. Junto à trama fantástica, o autor trouxe de volta também uma estrutura de novela mais tradicional. Assim, ele tem em O Sétimo Guardião uma grande variedade de núcleos isolados, mas unidos pelo cenário, cujas histórias vão sendo intercaladas ao longo de cada capítulo e narradas sem pressa. As coisas vão acontecendo, mas num tempo menos afobado. Em cada episódio, há a boa dosagem do humor e do drama, que vão sendo uniformemente explorados.
Deste modo, O Sétimo Guardião vai explorando os mistérios que envolvem Gabriel (Bruno Gagliasso), Luz (Marina Ruy Barbosa), Valentina (Lília Cabral) e León (Eduardo Moscovis). Mas dá uma parada para focar num momento mais tenso, com as brigas entre Afrodite (Carolina Dieckmann) e Nicolau (Marcelo Serrado). Depois, corta para momentos mais divertidos, como as aventuras de Marilda (Letícia Spiller). Ou seja, é um novelo que vai se desenrolando, como Janete Clair costumava definir uma novela.
Narrativa convencional
Por conta desta estrutura tradicional, O Sétimo Guardião destoa das últimas produções do horário. As novelas, em geral, começaram a adotar um ritmo cada vez mais acelerado, em razão da demanda do próprio público, sempre ávido por histórias ágeis. Assim, cada vez mais, autores de novelas vêm bebendo da fonte das séries, propondo uma narrativa mais episódica aos folhetins.
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Por conta disso, aos poucos, as novelas foram ganhando uma outra estrutura, contando histórias que vão sendo encerradas ao longo da obra e sendo substituídas por novos entrechos. Às vezes dá certo, como em O Outro Lado do Paraíso. Na trama de Walcyr Carrasco, cada vingança de Clara (Bianca Bin) gerava uma nova história dentro de sua saga, dando sempre um ar de novidade à trama. Já em Segundo Sol, João Emanuel Carneiro também não economizou trama. Mas, neste caso, o autor acabou esgotando sua história antes da hora e o resultado não foi dos melhores.
Sem pressa
Já O Sétimo Guardião, a princípio, não tem este propósito narrativo. Com isso, o desenrolar de sua história parece mais lento. Veja o caso de Valentina Marsalla, que demorou duas semanas para chegar à Serro Azul. Pareceu uma eternidade para os padrões atuais. Mas, no passado, não era incomum. Raimundo Flamel (Edson Celulari) também demorou um pouco para regressar à Tubiacanga em Fera Ferida. Helena (Adriana Esteves), idem, em A Indomada.
Soma-se a isso o fato de O Sétimo Guardião ter sido bem avaliada no grupo de discussão promovido pela Globo. Ou seja, não foi constatado uma rejeição à história. Mas a audiência continua baixa. Assim, o mais provável é que este ritmo menos clipado tenha causado certa estranheza nos espectadores, sobretudo ao público mais jovem.
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