Os Melhores Anos de Nossas Vidas resgata o programa de auditório “raiz”

Publicado em 12/10/2018

Programa de auditório é um gênero em extinção na TV brasileira. Sim, ainda existem muitos programas com auditório. Mas “programa de auditório”, daqueles com uma plateia quente, participativa e “bagunceira”, parece artigo cada vez mais raro. É só observar programas como Caldeirão do Huck, Eliana ou Hora do Faro, com suas plateias “comportadas”. Estes programas pouco mudariam se o público não estivesse ali.

Por isso mesmo, Os Melhores Anos de Nossas Vidas, que estreou ontem (11) na Globo, surpreendeu. O game comandado por Lázaro Ramos trouxe uma plateia viva e efervescente, que participou ativamente do show. Lázaro, assim, revelou-se um ótimo animador, em meio às boas atrações da nova aposta da Globo para as noites de quinta-feira.

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Os Melhores Anos de Nossas Vidas se apresenta como uma disputa entre épocas, mas é mais do que isso. É um programa de auditório “raiz”, cujas atrações atingem direto a memória afetiva do público. No programa de estreia, Ingrid Guimarães e Lúcio Mauro Filho lideravam os anos 1990 e 1980, buscando mostrar qual das épocas foi a melhor. Assim, o que se viu em cena foram momentos icônicos destes momentos, na música, na TV, no cinema e no jornalismo. O regate dos elementos característicos destas épocas atingiu direto quem viveu estes tempos, daí a boa resposta da plateia e do público de casa.

Apesar do roteiro amarrado, Os Melhores Anos de Nossas Vidas divertiu

O desfile de vídeos e a presença de convidados no palco deu ritmo ao Os Melhores Anos de Nossas Vidas. Durante a competição, Lázaro Ramos recebeu nomes como Pedro Bial, a dupla Chitãozinho e Chororó e o grupo Art Popular, traçando um verdadeiro painel cultural das décadas retratadas. Assim, o programa se colocou como um instrumento de boa informação, mas sem perder o entretenimento de vista.

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O único problema foi o excesso de roteiro em algumas situações. Ingrid Guimarães divertiu ao “levar a sério” a competição, disparando tiradas e alfinetadas contra os anos 1980 o tempo todo. No entanto, muito do que foi visto no embate entre Lúcio Mauro Filho e a atriz era claramente roteirizado. Faltou um pouco mais de improviso em cena, para que a batalha entre as décadas passe verdade ao público. Mas nada que tenha prejudicado a atração, que fluiu muito bem.

Horário tardio

Exatamente por se colocar como um programa de auditório “raiz”, Os Melhores Anos de Nossas Vidas parece estar no horário errado. O programa é uma diversão familiar, que combina bem mais com as tardes de sábado ou domingo. Exibido na madrugada de quinta para sexta-feira, Os Melhores Anos de Nossas Vidas alcança uma plateia mais restrita e adulta. Plateia esta que está dividida entre A Praça É Nossa, do SBT, e A Fazenda, da RecordTV. Não é uma batalha fácil.

Por mais que nostalgia seja algo mais “adulto”, Os Melhores Anos de Nossas Vidas tem um apelo que poderia agradar as pessoas de menos idade também. Sendo assim, poderia perfeitamente estar no rodízio de formatos que a Globo tem promovido nas tardes dos finais de semana. Mas, seja como for, a atração é uma aposta diferente e ousada da emissora, que tem variado como nunca as opções de sua linha de shows.

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