Análises e comentários ganham mais espaço no telejornalismo brasileiro

Publicado em 18/10/2018

A mudança na programação da GloboNews, que agora exibe vários e longos jornais ao vivo diariamente, firma uma tendência interessante no telejornalismo brasileiro. Os noticiários diários, antes muito focados no hard news e na reportagem, vão abrindo mais espaço à conversa, com muitas análises e comentários. A prática também tem ganhado força na TV aberta, sobretudo nos canais cuja estrutura do jornalismo é “menor”.

Diariamente, a GloboNews exibe jornais como o Em Ponto, Edição das 10h e Estúdio i, cada um deles com três horas de duração ao vivo. Para preencher todo este espaço, as reportagens dividem espaço com muita conversa no estúdio, com a participação constante de comentaristas e especialistas nas mais diversas áreas.

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No Em Ponto, o âncora José Roberto Burnier passa bastante tempo analisando manchetes de jornais, além de comentar os assuntos do dia. Assim, o mais novo jornal do canal busca antecipar os acontecimentos do dia. Enquanto isso, o Edição das 10h amplia a pauta, dando espaço também a assuntos mais amenos. Na sequência, no Estúdio i, Maria Beltrão faz a mediação de um debate sobre o noticiário, com a presença de diversos especialistas e com muitas entradas ao vivo. Deste modo, a nova programação da GloboNews tirou do canal o excesso de reprises, optando por aprofundar as análises e interpretar a informação.

Na TV aberta, Jornal da Cultura é destaque

Os canais abertos ainda seguem a cartilha do telejornalismo tradicional. Os principais jornais da Globo, SBT e Record, embora menos engessados, são ainda dependentes da agenda do dia, sem preocupação analítica. Das principais redes, apenas a RedeTV! conta com um jornal mais conversado, o RedeTV News. O noticiário traz os comentários do âncora Boris Casoy e de colaboradores, como Salete Lemos e Reinaldo Azevedo.

No entanto, canais como a Cultura e até a Rede Brasil trazem mais análises aos seus noticiários. O Jornal da Cultura, há anos, traz na bancada diversos especialistas para comentar as reportagens, com a ideia de ir além da simples informação. O formato começou lá atrás, com Maria Cristina Poli. Chegou a ser abolido por um tempo, mas voltou a ser utilizado. A atual âncora, Joyce Ribeiro, segue recebendo comentaristas diariamente.

Telejornalismo da Rede Brasil aposta no formato

Recentemente, a Rede Brasil também adotou formato semelhante em seu RB Notícias. A emissora agora tem Hermano Henning à frente de seu telejornal, e vem driblando a falta de estrutura com muita conversa. Hermano, ao lado da jornalista Camila Smithz, não apenas chama matérias, mas as comenta. Além dele, Ney Gonçalves Dias participa do noticioso, fazendo um bate-bola com o âncora sobre os assuntos do dia.

Ou seja, num momento em que há um excesso de informação e fake news, a análise e o aprofundamento das pautas se faz necessária. Por isso mesmo, é bastante positiva a movimentação do telejornalismo brasileiro. É preciso ir além da notícia, oferecendo mais elementos para que o espectador possa formar sua opinião.

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