Viva decepciona fãs ao retalhar reprise de Bebê a Bordo

Publicado em 02/05/2018

Quando resgatou Bebê a Bordo, novela de Carlos Lombardi exibida pela Globo em 1988, o Viva surpreendeu o público. Não pela escolha do título, que fez muito sucesso em sua primeira exibição, mas sim por permitir a constatação do quão moderno era o texto de Lombardi em plena efervescência cultural oriunda da abertura política do final da década de 1980. Com o fim da censura, criadores se sentiram livres para contar suas histórias sem amarras, culminando com um cenário criativo marcado pela ousadia.

Bebê a Bordo, portanto, era bastante moderna para o seu tempo. E sua reprise reforçou a modernidade da trama pop de Carlos Lombardi. Bastante calcada na cultura oitentista, e surfando na tendência ágil do videoclipe, Bebê a Bordo tinha um ar arrojado, percebida nos cenários modernosos e surreais, nos diálogos rápidos, ferinos e repletos de insinuações sexuais, e no figurino baseado nas estrelas do pop da época. Além disso, ainda tinha o luxo de trazer a diva Dina Sfat em seu último papel na televisão, Tony Ramos num raro momento comédia, e a sempre ótima Isabela Garcia em plena forma.

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No entanto, os espectadores do Viva foram surpreendidos com os cortes na novela promovidos pelo canal. Desde que entrou no ar, o Viva reexibe novelas na íntegra, sem cortar nem mesmo ações de merchandising de produtos que já não mais existem. A emissora respeitava a duração dos capítulos, os espaços dos intervalos comerciais, as cenas dos próximos capítulos e os créditos iniciais e finais. Mas Bebê a Bordo não teve a mesma sorte das demais novelas reexibidas pelo canal da Globosat.

Não se pode supor que a baixa audiência tenha sido o motivo para a decisão inédita. Afinal, não seria a primeira vez que o Viva não emplaca uma reapresentação. O mais provável é que o canal tenha cedido aos apelos de parte do público, que considera a trama apelativa. E isso é triste. Triste constatar que, em pleno século 21, uma trama que já foi considerada transgressora, ser hoje enxergada como de baixo nível. Fica a péssima impressão de que estamos mais conservadores hoje do que há 30 anos.

Além disso, a decisão abre precedentes incômodos. O canal pode, a partir daí, escolher reprises de novelas que passem longe da polêmica, reduzindo as possibilidades de muitas outras tramas clássicas serem revistas. E pode, também, voltar a editar e retalhar capítulos de qualquer outra novela que venha a exibir, deixando os fãs saudosos ainda mais aborrecidos. É uma pena.

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