Carinha de Anjo: SBT devia rever duração de suas novelas

Publicado em 10/05/2018

Que o SBT acertou em cheio ao apostar em novelas segmentadas, voltadas ao público infantil, isso é fato. Entretanto, a emissora devia rever a duração das tramas que apresenta. Carinha de Anjo, finalmente na reta final, sofreu com o esticamento desenfreado. A saga de Dulce Maria (Lorena Queiroz) teve uma série de acertos: bom elenco, texto redondo, direção criativa. Mas apresenta sérios sinais de cansaço nestes capítulos derradeiros.

E a culpa deste cansaço não é do texto e nem da direção. É da edição final. Ficou bem claro, aos olhos do público, que capítulos foram fatiados para que a trama ficasse mais tempo no ar. O uso abusivo de números musicais e flashbacks tornou os capítulos finais verdadeiras colchas de retalhos meio estranhas. No entanto, a audiência da trama até oscila, mas, no geral, se mantém num patamar aceitável, o que acaba avalizando tal estratégia de esticamento. Mas, fazendo isso, a emissora abusa da boa vontade do público infantil, que costuma ser bastante fiel aos seus programas preferidos.

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Todas as novelas infantis do SBT foram bem grandes. Carrossel ficou pouco mais de um ano no ar. Chiquititas foi ainda maior, com dois anos de exibição. Cúmplices de um Resgate durou mais um ano e, agora, Carinha de Anjo emplaca mais incríveis um ano e meio. E a coisa não vai melhorar, já que As Aventuras de Poliana, próxima trama da emissora, também tem duração prevista bem alongada: mais de 500 capítulos e dois anos no ar.

Novelas longas são um bom negócio para o SBT. Afinal, número elevado de capítulos permite pulverizar os custos de produção, e se encaixa bem no método de gravações da emissora, que costuma ter uma frente bem grande de capítulos. Mas o “negócio da China” descoberto pelo canal esbarra na qualidade do produto final, que fatalmente será afetado. Carinha de Anjo é uma novela de inúmeras qualidades e, portanto, merecia sair do ar por cima. Seu final deveria deixar saudades, e não provocar alívio.

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