Fim do Legendários é vitória do assistencialismo barato na televisão brasileira

Publicado em 29/11/2017

A TV brasileira vive de alguns ciclos se tratando de sua atração mais antiga, os programas de auditório. Nos anos 80, era a anarquia. Nos anos 90, era a audiência à qualquer preço e a “bundalização”.

Nos anos 2000, no entanto, o grande fenômeno, sem dúvida, é o assistencialismo barato. Isso sempre existiu na TV, mas foi potencializado de uns anos pra cá.

Entrega de casas, reencontros de parentes, emoção e lágrimas. Hoje a prioridade não é divertir, como sempre foi, e sim fazer chorar.

Por isso, é lamentável o anúncio que a RecordTV fez nesta quarta-feira (29) ao confirmar o fim do programa Legendários, apresentado por Marcos Mion desde 2010.

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O Legendários, diga-se, só ganhou essa longevidade porque mudou. Deixou de ser um programa de humor para ser auditório em sua acepção da palavra nas noites de sábado. Maluco muitas vezes, e criativo, virou uma boa opção para o horário.

Além disso, transformou-se em uma ilha no continente chamado RecordTV. De todos os programas atuais, era o único que não apelava para o melodrama fácil e para o assistencialismo, pois até o Programa da Sabrina, pasmem, está indo por esse caminho.

Já era um pouco visível que a emissora queria dar um fim na atração. O primeiro ponto nesse sentido foi a mudança em seu dia de exibição. Era como se fosse uma prova de fogo pro Legendários. Ou ele dava certo nas sextas, ou era limado.

O formato não merecia isso por tudo que representou no sábado à noite da emissora, mas o ultimato foi dado. Em dia muito mais forte, concorrendo com duas atrações consolidadas – Ratinho e Globo Repórter -, o Legendários acabou sucumbindo.

Lamento principalmente porque, hoje, fora da Faustão e Ratinho na maioria dos dias, os programas de auditório estão cada vez mais melodramáticos. O Legendários estava longe de ser isso. Na RecordTV, como disse acima, era o único.

O assistencialismo da televisão venceu nesta quarta. Estamos indo para um caminho perigoso e preocupante. Auditório sempre foi lugar de alegria. Virou agora lugar de choro e dramas. Espero que isso mude logo, porque ninguém aguenta mais tanta choradeira

 

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