Marcelo Rezende deixará um legado na TV brasileira. Exímio contador de histórias, se destacou como apresentador popular exatamente pelo talento de fazer render qualquer narrativa. Afinal, segurar um programa de quatro horas de duração, como era o Cidade Alerta, não é para qualquer um. No entanto, a lacuna maior que Rezende deixará na TV brasileira é a sua veia de repórter investigativo. Poucos profissionais da comunicação iam tão a fundo quanto ele.
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Foram muitas as reportagens policiais marcantes de Marcelo Rezende. O caso dos dez policiais flagrados por cinegrafista amador torturando e atirando em pessoas durante operações na Favela Naval, em Diadema, SP, em 1997, foi uma de suas mais importantes matérias. Também repercutiu bastante sua entrevista com o “Maníaco do Parque”, que revelou a ele ter matado 107 pessoas. Já como apresentador, à frente do Repórter Cidadão, da RedeTV!, desmontou facilmente a falsa entrevista do PCC, exibida pelo Domingo Legal de Gugu em 2003. Sua análise da entrevista, apontando no vídeo tudo o que indicava a armação, foi impressionante.
Mas a sua popularidade veio mesmo como apresentador do Linha Direta, na Globo, e do Cidade Alerta, na Record. No primeiro, era sério, e mostrava casos de crimes sem solução. Foi um sucesso da Globo. Já na Record, teve duas passagens pelo Cidade Alerta. Foi o último apresentador do jornal policial em sua primeira fase, que terminou em 2005. Retornou ao posto com a volta da atração, em 2012. Foi nesta segunda passagem que mostrou um lado mais bem-humorado, dando apelidos aos repórteres e lançando bordões.
Sempre foi questionável o prolongamento dos assuntos tratados no Cidade Alerta, que indicavam, claramente, que a atração tinha pouco material para ocupar suas tantas horas no ar. Em muitos momentos, Marcelo Rezende pecou pelo excesso. No entanto, isso não tira o brilho de uma trajetória tão bem-sucedida, sobretudo, no jornalismo investigativo, um campo, aliás, de difícil renovação na TV brasileira. Vai fazer falta.
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