Um mês após a estreia, Pega Pega não empolga

Publicado em 05/07/2017

Depois de um primeiro capítulo que mostrou uma história central interessante e tramas paralelas sem muita graça, Pega Pega tem mostrado um ótimo desempenho no Ibope. A trama da estreante Claudia Souto tem mantido uma excelente audiência em seu horário de exibição ao narrar a saga de quatro funcionários de um hotel que realizam um roubo milionário, mas não podem usufruir da grana conseguida para não levantar suspeitas. Um feito e tanto, se considerarmos que Pega Pega não é lá uma novela muito empolgante.

A trama central tem seus acertos. Acompanhar Júlio (Thiago Martins), Agnaldo (João Baldasserini), Sandra Helena (Nanda Costa) e Malagueta (Marcelo Serrado) tentando fugir da mira da polícia e encontrar um jeito de usufruir do fruto do roubo ao Hotel Carioca Palace sem levantar suspeitas diverte. Sobretudo quando começam a surgir algumas crises de consciência, principalmente em Júlio, que, de quebra, ainda se apaixona pela investigadora do caso, Antônia (Vanessa Giácomo).

No entanto, essa é a única diversão da novela. O casal formado por Eric (Mateus Solano) e Luíza (Camila Queiroz) é fraco toda vida. Eric não tem um pingo de carisma, por mais que Solano se esforce, e Camila Queiroz não encontrou o tom da mocinha Luíza. A história dos dois, atrapalhada porque Eric comprou o hotel do avô de Luíza sem contar nada a ela, é tolinha. Há ali Maria Pia (Mariana Santos), boa personagem que encontrou a intérprete ideal, a atrapalhar o romance. Mas a história também não convence.

Enquanto isso, Pega Pega tem a luxuosa participação de Marcos Caruso (Pedrinho Guimarães) e Irene Ravache (Sabine Favre), fazendo performances incríveis diante de um texto com deficiências. Nos demais núcleos, muitas histórias batidas e um humor tão ingênuo que provoca, no máximo, um riso amarelo. A trama de Claudia Souto ainda peca pelo excesso de didatismo e pelos diálogos fracos e pouco convincentes.

Mas a audiência está boa, sinal de que a fórmula ingênua e despretensiosa realmente funciona no horário das sete. Bom para a direção da Globo, mas ruim para o espectador que espera algo a mais de uma novela. Depois de uma trama tão madura e bem construída como Rock Story, Pega Pega fica devendo. Saudades do tempo da comédia rasgada de Silvio de Abreu, da ironia e do sarcasmo de Carlos Lombardi, e da esperteza e inteligência de Miguel Falabella. Vivemos outros tempos.

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*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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