30 anos

Sucesso infantil, cantora de Carrossel é “rainha” dos merchans na TV: “Vendi até jazigo”

Celeste Zeminian interpretou abertura de novela mexicana que estreou no SBT em 1991

Publicado em 20/05/2021

“Embarque nesse carrossel, onde o mundo faz de conta, a Terra é quase o céu”. Há exatos 30 anos, este refrão embalava o primeiro capítulo de Carrossel no SBT. A novela mexicana se eternizou como um fenômeno, bagunçou até a Globo e transformou em ídolos infantis um grupo de seres coloridos que causavam um misto de espanto e admiração: Super Feliz. Três décadas depois, apenas uma integrante continua na TV consagrada como merchandete: Celeste Zeminian.

De colchão a vitamina, a apresentadora anuncia os mais diversos produtos na televisão, algumas vezes em até quatro canais no mesmo dia. “Já vendi até jazigo no programa da Ana Maria Braga! Ela me disse: ‘Celeste, nem vou olhar na sua cara senão vou morrer de dar risada!’. E eu completava: ‘Está bom, né? Inclusive é um lugar maravilhoso em Sorocaba!’. Minha parte eu fiz, porque todos os jazigos foram vendidos”, relembra, orgulhosa, em entrevista exclusiva à coluna.

Em 1991, porém, Celeste nem imaginava ser uma merchandete. Ela era bailarina e telemoça em programas de Silvio Santos e conciliava o SBT com outras atividades quando recebeu o convite para participar do Super Feliz: “Eu estava fazendo a campanha do Paulo Maluf [para o governo de São Paulo]. Um produtor, que hoje trabalha na Record, me chamou para o grupo com personagens coloridos que ele iria lançar”.

Capa do primeiro LP do grupo Super Feliz com Celeste Zeminian como Pink Reprodução

O primeiro álbum foi lançado em 1990, meses antes da estreia de Carrossel. O Super Feliz, formado por quatro seres do planeta Alegria (Amarelo, Azul, Verde e Pink, esta interpretada por Celeste), já se apresentava em praças e programa de auditório, mas explodiu quando a direção musical do SBT escolheu Carro-Céu (assim foi escrito no encarte do LP) como tema de abertura da novelinha importada por Silvio Santos. O disco com a música recebeu o disco de platina (na época, equivalente a 250 mil cópias).

“Carro-Céu nem era para ser a música de trabalho. Fizemos muitos shows pelo interior, chegávamos na cidade e ouvíamos a nossa música tocando. As crianças enlouqueciam! Éramos os Patati Patatá da época. São personagens fortes que mudaram várias vezes, qualquer um pode ser o Patati ou o Patatá, como era o Super Feliz”.

Foi o que aconteceu quando Celeste decidiu deixar o grupo, em 1992, para trabalhar em um cruzeiro. Sem que as crianças percebessem, o Super Feliz teve outros integrantes (um deles foi Marcos Pajé, um dos intérpretes do palhaço Bozo no SBT), mas ninguém podia revelar o nome verdadeiro nem aparecer de cara limpa na frente do público.

Carrossel, que chegou a ser oferecida para a Globo, estreou no SBT em 20 de maio de 1991. Atingiu 27 pontos de audiência em uma faixa que mal chegava a 8, e concorrendo com o Jornal Nacional e a novela O Dono do Mundo, que precisou ser refeita às pressas pelo autor, Gilberto Braga, para estancar a queda no Ibope. Já o telejornal amargou os índices mais baixos de sua história contra os alunos da Escola Mundial.

A protagonista, Gabriela Rivero, chegou a descer a rampa do Palácio do Planalto com o presidente Fernando Collor. A trama ganhou três reprises, uma continuação e uma versão brasileira, em 2012. Mãe de dois adolescentes, Celeste Zeminian penou para convencer os filhos Arthur, de 17 anos, a Amanda, de 12, de que a trilha de abertura fez sucesso na voz dela em 1991.

“Foi um momento importante, poucas pessoas sabem que eu lancei a música, que a primeira voz foi a nossa. Quando falei que fazia parte, meus filhos falaram: ‘Não acredito! Não é verdade!’. E eu respondi: ‘Claro que é, eu lancei isso!’. Acho que eles não acreditam até hoje”, brinca.

Atualmente, Celeste também é empresária, chef de cozinha e influenciadora digital, mas ainda canta em grupos de música italiana e gosta de recordar o sucesso como a Pink de Super Feliz: “As melhores lembranças eram todas as vezes que se abriam as cortinas para nos apresentarmos. Gosto de estar no palco”.

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