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Silvio Santos deve voltar ao SBT ou ficar em casa? Atores de musical biográfico opinam

Apresentador mandou gravar espetáculo Silvio Santos Vem Aí para não ir ao teatro

Publicado em 07/11/2021

Em cartaz no teatro 033 Rooftop (cobertura do Teatro Santander), em São Paulo, o musical Silvio Santos Vem Aí é a única chance de ver Silvio Santos em um palco, ainda que seja como personagem. Velson D’Souza interpreta o dono do SBT e conta sua trajetória de sucesso até se tornar o maior apresentador da TV brasileira. Silvio, por não querer sair de casa, mandou a emissora gravar o espetáculo para sua sessão particular com a mulher, Iris Abravanel.

A pandemia frustrou duplamente o elenco do musical: pelo cancelamento após duas sessões, em março de 2020, e pela ausência do “patrão” no retorno da peça cumprindo protocolos de segurança contra a Covid-19. Vacinado com a dose de reforço, na última semana, Silvio deveria voltar à TV? Ou é melhor ficar isolado para não contrair novamente o coronavírus?

A coluna perguntou a atores de Silvio Santos Vem Aí se preferem ver o “homem sorriso” da televisão no ar ou em casa até o fim da pandemia. Velson D’Souza defende o resguardo de seu homenageado.

“Silvio só parou quando tinha que parar. Ele fez a cirurgia na garganta, retratamos isso no musical, e é um homem que não para, nunca parou, é um baita trabalhador. Se ele não voltou até agora, é porque precisa realmente descansar, se recuperar. Sabemos que Covid pode causar efeitos pós-recuperação, para algumas pessoas demora. Ele não está saindo de casa, não recebe visitas, está realmente se resguardando, e eu acho importante. Diria para ele: ‘Fique em casa, pelo amor de Deus. Não volte a trabalhar até que tenha condições plenas de voltar’. Imagino o quanto deve ser difícil para ele não trabalhar, ele ama o que faz”, afirma o protagonista do musical.

Velson, que trabalhou no SBT em três novelas e já participou do Jogo dos Pontinhos no Programa Silvio Santos, admite se espantar com a repercussão positiva na mídia e entre o público, que acredita estar vendo o próprio dono do SBT no espetáculo.

“Tivemos uma caravana de senhorinhas que me contaram histórias de quando viam as gravações do Silvio Santos, falavam como choravam e ao mesmo tempo riram na peça. Uma senhorinha achou que eu era o Silvio! É o personagem da minha vida hoje, e sem dúvida o meu maior desafio. Tiago Abravanel, meu amigo, falou que minha tarefa era muito complicada, porque o avô dele é o maior ídolo da televisão brasileira, senão da América Latina. Ele é parte da nossa família. Está na nossa casa todos os domingos há mais de 50 anos. Meu desafio foi justamente humanizar o personagem, não fazer caricato para que as pessoas possam embarcar nessa viagem. É o que tem me deixado mais surpreso. Quando entro, as pessoas levantam os pompons, felizes, me olhando como se eu fosse o Silvio. Fico pensando como é realmente ser o Silvio. Como ele deve se sentir? Se eu já me sinto assim, imagine ele”, conta.

Velson D'Souza (Silvio Santos), Ivan Parente (Pedro de Lara) e Adriano Tunes (Velha Surda), atores do musical Silvio Santos Vem Aí
Velson DSouza Silvio Santos Ivan Parente Pedro de Lara e Adriano Tunes Velha Surda atores do musical Silvio Santos Vem Aí MontagemReproduçãoInstagram

Covid desesperou elenco: “Silvio Santos não estará mais aqui?”

Poucos atores do musical tiveram a oportunidade de interpretar seus papéis na frente dos homenageados, como Gigi Debei (Mara Maravilha), Rafael Aragão (Sidney Magal) e Roquildes Junior (Roque). Outros personagens já morreram. Pedro de Lara, “carrasco” do Show de Calouros, aparece no musical mais sensível em relação às primeiras apresentações, antes da pandemia, de acordo com seu intérprete, Ivan Parente.

“Estreei o espetáculo com o Pedro de Lara muito rabugento, porque achava que era a melhor parte dele, mas quando voltei senti que ele estava mais sensível, tinha outras nuances legais. Acho que a pandemia ajudou, porque tivemos que nos reconectar com tudo. Vi um vídeo em que ele fala com o Silvio sobre como ele se sentia sendo visto como essa pessoa [mal-humorada], mas ele era sensível. Ele falava sério e o Silvio não entendia se era de verdade ou um personagem. Isso me fez acender essa ideia de que, por trás de um cara doido, que xingava todo mundo, tinha um ser humano”, diz o ator.

O diagnóstico positivo para Covid, que deixou Silvio internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Albert Einstein, preocupou o elenco, que chegou a pensar com tristeza na possibilidade de o musical se transformar em uma homenagem póstuma. Ivan Parente deseja que o apresentador assista ao musical no teatro apenas se estiver bem.

“Quando recebemos a notícia de que ele estava com Covid, ficamos desesperados, primeiro porque queríamos homenageá-lo em vida. ‘Será que quando a gente voltar ele não vai estar mais aqui?’. Conversamos muito sobre isso. Como temos muito contato com o Tiago e a mãe, Cintia [Abravanel, filha ‘número 1’ de Silvio], entendemos que ele não estava muito grave. Ficou debilitado, mas se recuperando. É um desejo de todos que o Silvio fique bem e que saia de casa para assistir ao espetáculo e ver a loucura que ele criou. Queremos muito que a família veja e entenda que é uma homenagem respeitosa”, torce o intérprete de Pedro de Lara.

Adriano Tunes, que dá vida à Velha Surda e a outros personagens secundários, aparece na sequência sobre a amizade de Silvio Santos com Manoel de Nóbrega, criador da Praça da Alegria.

“A cena da Velha Surda é uma esquete da Praça É Nossa completa. Quando meu personagem aparece, as pessoas começam a se ajeitar na poltrona, e eu entendo que é como se fosse o momento delas viverem a sensação de estar na plateia da Praça. O musical é a chance de reviver um Silvio Santos do passado, até para quem não assiste mais. Não há quem não o conheça”, analisa.

O ator gostaria de mostrar pessoalmente a Silvio Santos como consegue ficar quase o tempo todo em cena com diferentes papéis, porém reconhece ser praticamente impossível a presença do apresentador na plateia.

“Acredito que estar em uma plateia, com gente, deve ser a preocupação dele. Temos que entender que ele é um super senhor de idade, um ancião, e acho que tem que se cuidar mesmo. Achei muito legal a atitude de pedir para filmar o espetáculo para assistir em casa, porque ele podia nem se interessar. O musical é um grande parque de diversões porque são os próprios programas de televisão que narram a história dele para ele”, conclui.

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