A Dança dos Famosos, além de ser um ótimo pretexto para ver celebridades suando para receber “nota 9” (não é, Carolina Kasting e Mariana Xavier?), era o momento de glória de uma das instituições mais queridas da TV brasileira: as bailarinas do Faustão. No saudoso Domingão, o anúncio das professoras da competição causava choro no palco e furor nas redes sociais, deixando o público incrédulo e, ao mesmo tempo, encantado. Em 2022, este entretenimento infelizmente acabou.
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Na primeira chamada da nova Dança dos Famosos, exibida pela Globo na noite da última quinta-feira (17), foi possível notar a estratégia de divulgação adotada pelo Domingão. Paolla Oliveira e Rodrigo Simas, respectivamente a campeã e o vice da Super Dança dos Famosos (2021), aparecem fazendo passinhos na frente do celular. Sem ninguém pedir, Luciano Huck também surge na sala de sua mansão dançando com a filha, Eva, e no palco do programa, com Flávia Alessandra.
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“O que tem de gente mandando bem em vídeo de dancinha por aí não é brincadeira. Tá todo mundo dançando! E no Domingão, a gente também vai entrar na Dança. Uma nova temporada da Dança dos Famosos vem aí. E essa é nova para todo mundo!”, diz o texto do apresentador.
Para entender o novo conceito da Dança dos Famosos, é preciso ressaltar o talento de Luciano Huck para a publicidade. Marqueteiro do primeiro fio de cabelo à última unha do pé, o apresentador deixou a nova temporada da competição de dança com a sua cara: apelando para onde a dança está em evidência.
Dá até para imaginar a fala de Huck na reunião com a equipe de criação do Domingão: “Onde o povo está dançando hoje? No TikTok! Vamos engajar colando o nosso quadro na rede social!”. Este diálogo é fictício, mas completamente crível após assistir ao documentário Domingão com Huck: A História da História, disponível no Globoplay.
A suposta ideia de Huck é repleta de erros. Primeiramente, ao expor os melhores participantes da Super Dança dos Famosos em coreografias sem graça para a rede social quando há registros deles dançando de verdade na Globo. É como se o apresentador quisesse separar a nova temporada das anteriores.
Outro defeito é associar a Dança a um estigma que o próprio TikTok rejeita. A não ser que vá patrocinar o quadro, a rede social quer abolir o apelido pejorativo de “app de dancinhas”, que afugenta parte do público. O apresentador, entretanto, parece só ter olhos para os 13,5 milhões de visualizações de seu vídeo dançando com a filha, usado na chamada da competição. Huck almeja ter a mesma audiência na TV.
O terceiro e mais imperdoável erro é reduzir o quadro e a dança em geral ao TikTok. As bailarinas do Faustão (que hoje brilham no Dança das Feras, na Band) têm especialização na arte e se preparam seriamente para ensinar as coreografias aos seus ilustres alunos. Por isso a escalação as emociona tanto (além da chance de deixar o status de subcelebridade). Dança dos Famosos é entretenimento, mas dança não é brincadeira de rede social. A nova temporada, com Huck, será tenebrosa.
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