Opinião

SBT perde Libertadores para Globo por negociar com chantagem emocional, não com dinheiro

Emissora criada por vendedor dá "aula" de como não comprar torneio da Conmebol

Publicado em 18/05/2022

Na “guerra” pela Copa Libertadores da América, a “aula” de como não se deve negociar ficou por conta do SBT, justamente o canal que tem em seu DNA o vendedor que se transformou no principal comunicador da televisão: Silvio Santos. O apelo para a compra dos direitos da Copa Sul-Americana só confirma que a emissora sentiu demais a derrota para a Globo.

O erro mais grave na tentativa do SBT de manter a Libertadores em seus domínios, na avaliação da coluna, foi apelar para chantagem emocional, já utilizada nos bastidores contra a imprensa (e da qual este colunista já foi vítima ao escrever textos que desagradaram setores da emissora). Apesar desse histórico, pareceu surreal acha que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) iria se comover em uma mesa de negócios.

Escreveu, em sua coluna no UOL, o jornalista Rodrigo Mattos, um dos mais confiáveis profissionais sobre TV esportiva: “[A Globo] se comprometeu a exibir os patrocinadores da Libertadores em suas transmissões, em medida inédita. E ganhou a concorrência para retomar a competição após romper o contrato anterior. O SBT apostava no trunfo de ter salvado a Conmebol quando a Globo abandonou o contrato anterior: assumiu os direitos da Libertadores por três anos”.

Ora, SBT, gratidão não paga as contas (além do cúmulo de achar que “salvou” a Conmebol). A entidade máxima do futebol no continente, quando senta para negociar, quer saber o óbvio: quanto ela vai faturar com a venda de seus eventos esportivos. Pelo acordo com a Globo e as outras empresas, a negociação foi exitosa.

Escreveu Rodrigo Mattos no UOL: “A Conmebol conseguiu obter em torno de US$ 1,520 bilhão (R$ 7,8 bilhões) com a venda de direitos da Libertadores e da Sul-Americana para o ciclo de 2023 a 2026. O valor representa um aumento de cerca de US$ 350 milhões (R$ 1,8 bilhão) em relação ao último ciclo”.

A nota do SBT ressaltando a compra da Copa Sul-Americana ratificou o que havia saído na imprensa sobre o apelo emocional na negociação, inclusive atribuindo a venda da Libertadores para a Globo ao sucesso do torneio nos últimos dois anos, quando foi exibido de forma emergencial pela rede de Silvio Santos. Leia o trecho do comunicado:

“Quanto à Copa Conmebol Libertadores, aproveitamos para agradecer pela oportunidade de estarmos realizando sua transmissão até o final deste ano, com alta qualidade, tendo assumido esse direito num momento delicado para a Conmebol, na certeza de que trabalhamos incansavelmente para sua valorização, o que certamente permitiu o aprimoramento da concorrência para esse próximo ciclo. Aproveitamos para reforçar nossa crença na relação que temos construído com a Conmebol e seus executivos que realizam um trabalho sério e profissional à frente desta tão importante entidade”.

Para completar o “dramalhão” criado pelo SBT, Téo José reclamou que uma coluna de TV (sem citar qual) havia noticiado a comemoração do público pela volta da Libertadores à Globo, quando o nome dele estava entre os assuntos mais comentados no Twitter porque, segundo o narrador, telespectadores lamentavam a derrota do canal na negociação. A reclamação não faz sentido. Usuários do Twitter podem citar o locutor para falar mal, basta pesquisar a repercussão da transmissão de Boca Juniors x Corinthians, na última terça-feira (17). No máximo, a queixa só pareceu egocêntrica mesmo.

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