Após oficializar a compra da Copa América, o SBT prepara o retorno do Amarelinho, mascote das transmissões esportivas nos anos 90, conforme esta coluna antecipou em 4 de maio. A rede de Silvio Santos, que exibirá o torneio continental com exclusividade na TV aberta, registrou um novo boneco, mais moderno, junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), e pretende utilizá-lo nos jogos da seleção brasileira.
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A imagem da nova versão do Amarelinho foi publicada em baixa qualidade na Revista da Propriedade Intelectual publicada na última terça-feira (25) e “vazou” em perfis de fãs do SBT nas redes sociais, irritando a alta cúpula da emissora por ter estragado a “surpresa” ao público para a estreia do Brasil na Copa América.
Procurado pela coluna, um executivo afirmou que o boneco registrado é apenas um de muitos modelos testados pelo canal, e que o uso durante os jogos depende da permissão da Conmebol, organizadora da Copa América. Nos últimos anos, a Confederação Sul-Americana de Futebol aumentou a rigidez nas transmissões, exigindo, por exemplo, a manutenção de sua identidade visual nas exibições da Libertadores.
O SBT pagou, em 5 de maio, R$ 415 para cadastrar a marca “Boneco Amarelinho”, repetindo o procedimento realizado para registrar outro nome: “Amarelinho, Torcedor SBT!”. Segundo o documento do INPI, a emissora pretende usar o novo Amarelinho em “difusão de programas de televisão, de rádio e/ou de outro meio de comunicação, inclusive virtual”.
Embora esteja em baixa resolução, a primeira imagem do novo Amarelinho revela uma “recauchutagem” da bolinha, criada em 1990 para turbinar a transmissão da Copa do Mundo da Itália. O mascote ainda usa o boné verde e azul, porém trocou a chuteira “raiz”, escura, por uma mais estilosa, branca com detalhes azuis, semelhante à dos jogadores mais bem pagos do mundo. Até uma meia branca, com faixas nas cores verde e amarela, foi incluída no figurino do personagem. A luva branca foi retirada da nova versão.
A principal mudança está no rosto. Ele continua arredondado e, obviamente, amarelo, mas ganhou olhos azuis, nariz e bochechas rosadas. O SBT praticamente submeteu o Amarelinho a uma “harmonização facial”, procedimento estético de gosto duvidoso que “padronizou” o visual dos famosos. É possível comparar a bolinha amarela aos emojis das redes sociais e aplicativos de mensagem.
Com traços de computação gráfica, o novo mascote do SBT se assemelha à Globolinha, lançada pela Globo em 2012 e que acabou rejeitada pelo público. A versão “platinada” do Amarelinho ainda aparece esporadicamente na programação esportiva da emissora carioca.
O primeiro Amarelinho nasceu na equipe de Criação Visual do SBT, liderada por Ângelo Ribeiro, e foi desenhado por Iastake Fassimoto. A bolinha aparecia nos jogos da seleção brasileira e imitava as reações da torcida para atrair o telespectador. Ele celebrava as vitórias do Brasil, roía as unhas com os ataques adversários e ficava bravo quando o time verde e amarelo sofria gols.
A estreia do Amarelinho em Mundiais não deu sorte, e o Brasil caiu para a Argentina. O personagem, entretanto, fez sucesso principalmente entre as crianças e retornou em 1994. Na Copa dos Estados Unidos, chorou com a vitória brasileira e se eternizou no imaginário de quem preferiu ouvir o tetra na voz de Luiz Alfredo no SBT, e não de Galvão Bueno na Globo.
O Amarelinho chegou a figurar nas transmissões dos Jogos Olímpicos, em 1992, e de corridas da Fórmula Indy vencidas por brasileiros. O SBT não renovou o registro do Amarelinho para a Copa do Mundo de 1998, e o mascote carismático sumiu das transmissões. Limitou-se a aparecer em vinhetas e comerciais da Copa do Mundo da França.
A Copa América começará em 13 de junho, mesmo sem local definido. A Colômbia desistiu de sediar o torneio em função dos protestos políticos no país. A Argentina está no pico da pandemia de coronavírus e suspendeu jogos de futebol até o próximo domingo (30), porém apresentou à Conmebol um “protocolo rigoroso” para receber a competição.
O SBT não transmite um jogo da seleção brasileira desde julho de 2003, quando levou ao ar a Copa Ouro, sediada na Cidade do México e com jogadores de até 23 anos. Embora tenha liderado a audiência, não obteve retorno comercial e ficou restrita às madrugadas.