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Pantanal: Ingra Lyberato aprova Bruna Linzmeyer e revela seu final para Madeleine: “Nua no rio”

Atriz relembra cenas de nudez na Manchete e diz que Globo foi "humilde" ao produzir remake

Publicado em 05/04/2022

Madeleine (Bruna Linzmeyer) deu à luz Jove em cena emocionante no capítulo de Pantanal exibido na última segunda-feira (4). A mesma comoção teve o público da Manchete ao ver a cena em 1990, mas com Ingra Lyberato no papel da mulher de Zé Leôncio (Paulo Gorgulho). Três décadas depois, a atriz tornou-se mais uma espectadora assídua do remake da Globo e elogia o desempenho da nova intérprete de sua personagem.

Em entrevista exclusiva à coluna, Ingra Lyberato se declarou à nova versão da novela e à beleza exuberante do Pantanal, que transformou sua vida para sempre. Naquele bioma, ela viu germinar uma pessoa mais conectada à natureza e à espiritualidade. Além de atuar, já escreveu dois livros (um lançado durante a pandemia), estuda ecopsicologia e pratica a chamada constelação familiar, espécie de terapia que “limpa” medos e traumas do passado.

“Essa minha paixão pela profissão de atriz tem muito a ver com a paixão que sempre tive pela natureza humana. Neste momento, revendo Pantanal, estou impactada por olhar de novo para a beleza desse lugar sagrado e tão potente, e com tratamento novo, com a tecnologia cinematográfica que avançou muito. Fico impressionada com a força dos personagens. Vou te falar que, no capítulo de ontem, quando surgia o Zé Leôncio ou da Madeleine escutava a voz do Paulo Gorgulho ou a minha própria voz, até entrar o novo ator, Renato Góes, e a nova atriz, Bruna Linzmeyer, que estão fazendo super bem! Pantanal foi um divisor de águas na vida de quem fez e quem assistiu. Nestes 32 anos, sempre recebi mensagens de quem acompanha no YouTube. Ela é muito vista por lá, e agora que está no ar é impressionante. Não estou no remake, mas as pessoas dizem que a minha imagem está na memória afetiva, profunda. A força que eu sinto assistindo é a força dos personagens atravessando os atores. Está impregnado, e está muito lindo. Estou amando!”, celebra Ingra.

Para Ingra, a Globo mostrou inteligência e, sobretudo, humildade ao resgatar uma novela que lhe deu dor de cabeça no passado. Em 1990, Pantanal atingiu o primeiro lugar de audiência e obrigou a emissora a mudar a programação.

“Fiquei muito surpresa! Achei uma postura linda de humildade, de reverência a essa história e ao valor desse lugar. Olha quanta coisa em uma atitude só! E uma inteligência de saber que, ao aceitar e integrar a potência dessa obra, pegou algo que na época foi uma ameaça à sua própria hegemonia e ao próprio poder, e falou ‘vem para cá’. Isso é muito inteligente. Você não briga com algo que historicamente te ameaçou. Você integra isso, traz isso como uma força para você mesmo. Para mim, foi uma prova de inteligência”, diz Ingra.

Em janeiro de 2020, antes do coronavírus, a atriz voltou ao Pantanal para rever Almir Sater, seu parceiro também em A História de Ana Raio e Zé Trovão, e apresentar a natureza ao filho, Guilherme, de seu casamento com o cantor Duca Leindecker. Ela nunca censurou cenas de nudez ao jovem, hoje com 18 anos e também artista (toca baixo na banda do pai).

“Já mostrei as cenas para o Gui, nunca tive nenhum problema de pudor com o corpo com ele. O Gui cresceu indo comigo para o set, porque quando me separei ele tinha 9 para 10 anos. Ele sempre viu minhas cenas de beijo e de nu. Em Pantanal, todas as vezes que tirei a roupa me senti bem em cena. Nunca achei um apelo, desnecessário. Acho até hoje que tive mais sorte do que juízo, porque no início não tinha discernimento se aquela cena estava sendo gratuita ou não. Tive sorte de estar na mão de diretores que tinham consciência e cuidado de não explorarem gratuitamente a nudez. Minhas cenas com o Paulo em Pantanal acho épicas. Uma até apelidamos de ‘amor à milanesa’, porque a gente rolava nu na areia. Nosso tesão pela vida também está no nosso corpo”, analisa a atriz.

Hoje com 55 anos, a primeira Madeleine se despe também da vaidade. Ela continua se cuidando, mas se permitiu fugir dos padrões, por exemplo, deixando os cabelos grisalhos. Vegetariana, evita o “veneno” de alimentos industrializados ou com agrotóxicos. O corpo de Ingra é seu templo.

“Qual o problema do corpo humano? A que ponto chegamos de ter vergonha da nossa verdade? Porque a nossa nudez é a nossa verdade, nosso corpo é sagrado. Se nos colocamos no lugar de que o corpo é motivo de vergonha, é para refletir sobre isso. Hoje eu acho a minha nudez linda, cada vez mais. Na pandemia, conheci meus cabelos brancos. Nunca tinha deixado aparecer nem para mim nem para os outros. Fiquei um ano sem pintar meus cabelos e vieram todos. Fiquei super orgulhosa de mostrá-los. Não me obrigo a nada, nem a deixar branco nem pintado, mas eu me dei essa liberdade”, conta.

No remake, também chama a atenção de Ingra Lyberato uma participação maior de Filó, papel de Tânia Alves na Manchete e da estreante Leticia Salles na Globo: “Estou achando a Filó mais forte nesta versão, acho que está sendo preparado inclusive a entrada da Dira [Paes]. Tenho a sensação de que a Filó vai assumir um lugar de protagonista, de força feminina. Estou achando a Filó incrível. O capítulo de ontem estava lindo, o parto muito forte e a Filó assumindo esse lugar de empoderamento, de coragem e paixão. Muito lindo, um lugar feminino muito potente”.

Na passagem de tempo da Manchete, Madeleine foi vivida por Ítala Nandi, que precisou deixar a novela. A solução encontrada por Benedito Ruy Barbosa foi matá-la em um acidente aéreo. Na nova versão, a intérprete da personagem na próxima fase, Karine Teles, deverá sobreviver e permanecer na trama, mas Ingra Lyberato sugere um novo final para a mãe de Jove.

“Eu acho que a fase da Madeleine que vivi foi a melhor dela, porque ela viveu essa paixão e teve a chance de conhecer um universo muito mais verdadeiro do que o mundo dela. Naquele momento, ela fugiu de volta para a vida na alta sociedade que ela estava acostumada, mas tinha a ver com a sua imaturidade. Foi a melhor fase porque levou toda a audiência junto com ela para viver esse choque e ver tudo que ela aprendeu naquele lugar. Depois, ela ficou só naquele lugar da birra, como se ela não tivesse crescido e se permitido, de fato, ser feliz. Eu nunca pensei sobre isso, mas na hora que você fez a pergunta veio a mim uma Madeleine que consegue se render a essa força do Pantanal, que nem precisa voltar para o Zé Leôncio porque pode encontrar outros caminhos, mas imagino uma Madeleine que reconhece a potência desse filho dela voltando para o Pantanal, reconhecendo o valor daquele lugar, e ela também se permitindo um dia voltar para lá e tomar banho nua no rio e não ter medo da própria visceralidade, de ter essa integração com o ambiente natural mais potente. Se essa história estivesse na minha mão, essa Madeleine teria pelo menos uma cena tomando banho nua ou se rendendo à beleza do Pantanal, e sendo feliz, porque ela está o tempo todo em uma prisão em que ela mesma construiu”.

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