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Ídolo na web, Homem Mau revela inimigos no futebol: “Rogério Ceni não olha na minha cara”

Comentarista do programa Trem Bala, Evaristo Nogueira foi homenageado até por globais

Publicado em 20/10/2021

Um dos debates esportivos mais tradicionais da TV do Ceará, o Trem Bala conquistou a internet. Torcedores de todos os times de futebol se encantaram com o entretenimento proporcionado pelo apresentador Alan Neto (do bordão “olha o dedo do Trem Bala!”) e o comentarista Evaristo Nogueira, o Homem Mau. Os bordões e berros de Vavá (como também é conhecido) o transformaram em novo ídolo das redes sociais. Não por acaso, o veterano da comunicação tem se arriscado no Instagram inclusive durante o programa. O Homem Mau virou pop.

Com cinco décadas de carreira no rádio, na televisão e até na política (foi eleito vereador por três mandatos em Mossoró, sua cidade natal), Vavá Maravilha está se acostumando ao sucesso repentino em outras regiões do Brasil. “Vou ser sincero: não esperava que fosse chegar a tanto! Levo numa boa, mas sem me achar estrela, sou até um cara muito humilde. Agora bater na mesa eu bato, cobrar eu cobro!”, afirma Evaristo em entrevista exclusiva à coluna.

Apesar da fama de “mau”, Vavá é tranquilo e amoroso nos bastidores. Nem parece o homem ranzinza que bate na mesa, grita com os colegas e critica jogadores, técnicos e dirigentes dos clubes cearenses. O apelido foi dado pela mulher de Alan Neto (que se ausentou do programa para cuidar da saúde), a cantora Ivanilde Rodrigues, que comparou o comentarista a José Fernandes (1925-1979), jurado carrasco de Flávio Cavalcanti (1923-1986).

“Eu bato na mesa, não tenho medo de cara feia. É um personagem? Tudo bem, pode ser um personagem, mas ali estou falando a minha verdade, como gosto de dizer, e na minha verdade eu mando, você acredita se quiser. Eu bato na mesa, grito, xingo o presidente do Fortaleza, o presidente do Ceará, jogador refugo, treinador refugo”, conta o jornalista de 66 anos. “Refugo”, no jargão futebolístico, é o atleta ou técnico contratado por um clube após ter fracassado em outro.

Há uma década na TV, o Trem Bala já foi ao ar no Esporte Interativo e na TV O Povo, e desde 2017 integra a programação da TV Ceará. A íntegra dos programas também vai para o YouTube, e os trechos mais engraçados viralizaram rapidamente no Twitter. O elenco do debate esportivo nada convencional já foi reverenciado por Milton Neves, Casimiro, André Henning e Magno Navarro, que imitou Alan Neto e Vavá Maravilha no canal pago SporTV.

“Sou muito fã dos meus colegas de Trem Bala, Alan Neto e o Sérgio Ponte. Milton Neves, para mim, é hors-concours, gosto muito dele e é meu amigo, gente boa, espetacular. Magno Navarro, esse cara é muito bom, Casimiro é muito bom também, ele fez 25 minutos só com Homem Mau e Trem Bala. Esse cara acha tanta graça da gente! André Henning é meu amigaço e é muito bom! Ele veio aqui para a nossa festa, e em um discurso falou: ‘Eu me inspirei no Vavá Maravilha como narrador!’. O Brasil está muito bem no jornalismo esportivo”, comemora Evaristo.

Rogério Ceni, Evaristo Nogueira e Tiago Nunes
Rogério Ceni Evaristo Nogueira e Tiago Nunes MontagemGustavo SimãoFortaleza EC ReproduçãoInstagramTV CearáFelipe Santos Ceará SC

Ceni “blindado” e Tiago Nunes “acadêmico”: as tretas do Homem Mau

O futebol cearense vive uma de suas melhores fases no cenário nacional, com os dois principais times do estado obtendo vagas para competições internacionais, como a Libertadores e a Copa Sul-Americana. O Fortaleza, atualmente terceiro colocado do Campeonato Brasileiro, enfrentará nesta quarta-feira (20) o Atlético-MG pela semifinal da Copa do Brasil.

Apesar do bom desempenho, que atraiu audiência para o Trem Bala, Homem Mau não deixa de “cornetar” os clubes e colecionar inimizades, como Rogério Ceni, ex-técnico do Fortaleza, e Tiago Nunes, recém-contratado para comandar o Ceará. Além disso, Vavá Maravilha já foi perseguido por torcedores do Botafogo-PB (por ter chamado de “feio” o time conhecido como Belo) e do CRB.

“O presidente do Ceará [Robinson de Castro] não fala mais comigo. Há uns três anos, o Ceará só queria jogador de graça e eu o rotulei de ‘presidente 0800’. Quer ficar mal com ele? Chame-o de Castrinho 0800! Tem um treinador aí que não gosta de ouvir meu nome: Rogério Ceni, o ‘blindado’. Ele deixou o Fortaleza duas vezes na mão. O que ele fez quando chegou aqui? ‘Não dou entrevista a nenhum repórter. A minha entrevista é coletiva’. Comecei a chamá-lo de ‘blindado’ e ele achou ruim. Acho que ele foi muito cruel com o time do Fortaleza. Ceni é blindado, fujão e, acima de tudo, Judas. Esse Tiago Nunes, que para mim não é treinador para a equipe do Ceará de jeito nenhum, chegou aqui com uma banca danada, deu uma coletiva e disse: ‘Sou um treinador acadêmico’. Aproveitei o gancho e disse: ‘Se ele é treinador acadêmico, o elenco Ceará já passou no Enem?’. E faço o teatrinho todo, até exagero. Ele também não gostou, não fala com a gente. Mas não tem problema, o importante é a galera gostar!”, diz Evaristo.

Trabalho é “terapia” para Homem Mau após morte de filho por Covid

O sucesso do Trem Bala massageia o ego de Vavá Maravilha, mas também seu coração. Em março deste ano, perdeu o filho, Karlo Schneider, vítima da Covid-19 com apenas 39 anos. Em luto permanente, Evaristo usou o trabalho como comunicador como uma terapia para tentar seguir a vida após a perda.

“A Covid levou meu filho, que deixou três netinhos. Foi como um caminhão na minha cabeça. Há 27 anos apresento o programa Saúde do Povo, na rádio O Povo/CBN, e conversei com muitos amigos médicos. A maioria falou: ‘Vavá, você tem duas saídas: ou vai para o fundo da rede e acaba a vida ou volta ao trabalho, porque a tragédia você vai levar até o fim da sua vida’. É o que estou fazendo. Esse momento para mim é espetacular. A gente vai aliviando e tocando o barco”, conclui.

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