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Gabriel Santana fala de “amor tóxico” por Tenório em Pantanal: “Renato se jogaria da ponte pelo pai”

À coluna, ator compara Mosca, de Chiquititas, e Renato, seu novo personagem: "Dois meninos pretos abandonados"

Publicado em 11/06/2022

A estreia da outra família de Tenório (Murilo Benício) em Pantanal, neste sábado (11) marca o retorno à Globo de um “especialista em remakes”: Gabriel Santana. Aos 22 anos, o ator que virou ídolo das crianças na segunda versão de Chiquititas (SBT) engata mais um papel na casa onde ganhou projeção ainda maior na última temporada de Malhação, em 2019.

“Brinquei quando fiz o teste para Pantanal: ‘Imagina se eu pego outro remake?'”, recorda Gabriel Santana, que nem era nascido quando a Manchete, produtora da primeira novela, saiu do ar. Ele assistiu a alguns trechos da trama de 1990 apenas para estudar e se encantou pela história. Hoje, não sai da frente da TV quando começa mais um capítulo na Globo e se surpreende com o sucesso nas redes sociais.

Em entrevista exclusiva à coluna, Gabriel comemora a volta à emissora e compara Mosca, de Chiquititas, a Renato, seu novo personagem. Ele ainda dá pistas sobre a relação com o pai, Tenório (Murilo Benício), e como está sendo a rotina no Pantanal (com direito a um segredinho: o ator levou seu videogame para a fazenda).

Leia abaixo a íntegra da entrevista com o ator Gabriel Santana:

Gabriel Santana como Mosca, em Chiquititas, e como Renato, em Pantanal
Gabriel Santana como Mosca em Chiquititas e como Renato em Pantanal

PAULO PACHECO: Gabriel, você até brincou que virou um “especialista em remakes”. E foram dois de muito sucesso: Chiquititas e, agora, Pantanal. Refazer uma novela famosa traz um desafio maior, ainda mais em horário nobre?

GABRIEL SANTANA: Eu não diria um desafio maior, porque acho que todo trabalho eu faço com muito empenho, muito amor e a maior dedicação, mas acho que muda a responsabilidade. Chiquititas era uma novela que já tinha passado no mundo inteiro, e quando veio ao Brasil pela segunda vez tinha uma responsabilidade muito grande, na época em que o SBT começou a fazer as novelas infantis com Carrossel e depois veio Chiquititas. Era uma aposta muito grande. Só que eu tinha 13 anos, estava começando no mundo da atuação, então não compreendia muito. Mas, analisando hoje em dia, é uma responsabilidade tão grande quanto a que eu tenho hoje. É óbvio que o alcance da Globo no horário das nove é muito maior. Fazer uma novela com o sucesso que teve na década de 1990 e com o sucesso que está fazendo agora é uma responsabilidade imensa, mas acho que isso não vai mudar a minha forma de trabalhar. Acho inclusive que vai me dar mais garra para poder fazer o melhor trabalho possível.

PP: Ainda sobre Chiquititas, você saiu de uma novela em que não tinha família, só uma irmã, para uma novela com duas famílias! Quais as semelhanças e diferenças de Mosca e Renato?

GS: Você fala de Chiquititas e acho uma novela tão legal, que traz com muita leveza e com uma linguagem infantil, claro, porque é para esse público, uma questão muito séria no Brasil que é a adoção. Lembro que sempre quando eu passava por essa molecada que trabalha na rua vendendo coisas, fazendo malabarismos, eles sempre falavam: ‘E aí, Mosca? Como é que está lá no orfanato?’. Sentiam empatia por mim. Quando eu ia a orfanatos, porque fiz muitos eventos beneficentes, a empatia que a molecadinha tem é uma coisa surreal. É uma coisa de identificação mesmo, de representatividade. Acho isso muito lindo. Quando a gente fala de Mosca e Renato, é justamente essa representatividade que a gente vê. São dois meninos pretos que têm abandono familiar. No caso do Mosca foi de fato um abandono físico, já o Renato foi a ausência paterna, mas eu os vejo como pessoas que amam muito a família, são muito parceiros e amigos das pessoas que estão ao redor deles. A maior diferença é moral e ética. Acho que o Mosca pensa muito antes de fazer qualquer coisa. Já o Renato… a galera vai ter que assistir para entender o que estou falando, das mirabolâncias que o Renato vai fazer (risos).

PP: Como você define Renato? Nestes primeiros capítulos, como ele reagirá à mudança para o Pantanal e a convivência com a outra família do pai?

GS: Como é o Renato? Putz, nem eu sei, vou descobrir conforme vou fazendo! Óbvio que estudo, entendo as motivações dele, mas definir uma pessoa é muito difícil. Não sei me definir. Acho que ninguém é uma coisa só, todo mundo é transformação, e acho que o Renato vai se transformar muito durante o processo. Mas eu vejo ele exatamente como uma pessoa muito amorosa, muito apegada à família, e esse amor, esse apego, faz com que às vezes ele faça tudo para agradar. Quando a gente fala de um pai como o Tenório, que tem lá sua moral duvidosa, faz coisas que não são muito certas, o filho, para ter essa retribuição de amor, afeto e carinho do pai, acaba entrando nas tramoias dele. Acho que tem mais uma questão do fato de o Tenório ser muito ausente presencialmente, faz com que ele queira ainda mais essa aprovação. Os momentos que ele tem com o pai para ele são muito preciosos, porque ele não está acostumado a isso. Se o pai fala: ‘Filho, pula da ponte’, eu acho que o Renato seria um filho que claramente pensaria em se jogar da ponte por causa do pai, por amor. Não que seja um amor saudável, que fique bem claro! Um amor tóxico! Vamos deixar isso claro para não romantizar. Ele deixa a saúde mental de lado e não pensa em uma questão moral, mas acho que isso é por amor.

Tenório (Murilo Benício) e Zuleica (Aline Borges) com seus três filhos Marcelo (Lucas Leto), Roberto (Caue Campos) e Renato (Gabriel Santana) em Pantanal
Tenório Murilo Benício e Zuleica Aline Borges com seus três filhos Marcelo Lucas Leto Roberto Caue Campos e Renato Gabriel Santana em Pantanal

PP: Pantanal está no ar desde março. Você vem acompanhando a repercussão da novela? De certa forma, o sucesso te surpreendeu?

GS: Acompanho a repercussão desde o começo e me surpreendeu muito! Eu sabia que a novela tinha potencial para ser um grande sucesso, mas está mais fazendo muito mais do que eu imaginei! As redes sociais bombando de comentários. Assisto como telespectador, amo assistir à novela, muito boa mesmo! A direção está de parabéns, os atores estão de parabéns, toda a equipe técnica. Está sensacional mesmo! Não estou falando de puxa-saquismo, mas nunca me diverti tanto vendo uma novela. Não sei se é porque resgata a natureza, se a gente estava precisando desse lugar de calmaria, de reflexão, sobre olhar para as questões humanas. O porquê eu não sei. O que eu sei é que está fazendo sucesso e me orgulho muito de fazer parte dessa trama. Estou fazendo o meu melhor para que dê tudo certo, que eu continue esse legado que eles estão deixando.

PP: Quando você nasceu, a Manchete já tinha acabado. Chegou a assistir à primeira Pantanal para conhecer antes de gravar?

GS: Fui descobrir que existiu a Manchete lá na adolescência. Até então, na minha cabeça, era Globo a minha vida inteira! Cheguei a olhar algumas coisas da antiga novela como uma referência de estudo, de entendimento cênico, do que o Benedito Ruy Barbosa queria deixar como texto, como mensagem, como energia cênica, mas não me prendi muito a isso, não vi tudo. Fiz só um estudo de mesa básico para compreender.

PP: Qual foi a sua reação quando conquistou o papel?

GS: Na época do teste, por causa da Covid eu não saía de casa! Estava fazendo só teste em vídeo tanto para Pantanal quanto para outras produções. Estava inclusive aguardando respostas de outros projeto e, do nada, surgiu o teste para Pantanal. Meu agente pediu para fazer, o remake já tinha saído em vários veículos de comunicação. Falei: ‘Caraca, vou fazer teste para isso, que legal! Imagina se eu pego outro remake?’. Fiz o teste de casa e mandei. Fiquei duas semanas sem nenhuma resposta. Pensei que não tinha passado, mas no final das contas não passei em nenhum teste e, quase um mês depois, recebo a ligação do meu agente avisando que eu tinha passado para Pantanal. Voltar para a Globo foi muito bom, porque gravei Malhação em 2019, 2020 foi aquela confusão e em 2021 fiz o teste para descobrir que em 2022 já ia gravar. Começar a fazer carreira na Globo e receber a confiança deles para fazer um projeto tão importante como esse foi muito bom. Sinto que minha trajetória está sendo muito interessante dentro da Globo.

PP: Você já tinha ido o Pantanal? Como tem sido a rotina na região?

GS: Uma coisa muito legal de estar aqui no Pantanal é que as coisas acontecem no tempo da natureza. A natureza tem um ritmo mais tranquilo, mais desacelerado, que nos centros urbanos a gente não tem muito. Nos centros urbanos toda hora a gente quer fazer alguma coisa, não quer estar parado, mesmo que não seja nenhuma obrigação profissional está assistindo a uma série e quando acaba um episódio entra em outro e seu foco está ali, e você para de olhar para si. Aqui no Pantanal, percebi que, pelo fato de ter menos coisas para fazer, estar mais no ritmo da natureza, a gente consegue refletir sobre o que está pensando. Gostei muito da contemplação que experimentei aqui. Por mais que eu sinta muita saudade dos centros urbanos, está sendo muito interessante pegar um cavalo e andar pela fazenda, olhando tranquilo para o pasto e olhando para a vida. É um pouco filosófico, mas também não é, é bem pragmático. Em relação à convivência com o elenco, as minhas experiências estão sendo as melhores possíveis. Assumo que trouxe um videogame para cá, não vou mentir, é um segredo nosso. Às vezes, quando estou muito entediado e não estou a fim de pensar no que estou pensando, ligo e me conecto à vida urbana (risos). Mas a convivência está sendo tranquila. Todas as noites a gente se reúne, fica aqui fora da fazenda conversando e faz essas reuniões, de sábado para domingo também fazemos algumas festinhas. Já tomamos banho de rio juntos, foi delicioso! Ficamos de olho nos jacarezinhos, porque aqui no rio em que a gente está há uma espécie que não é agressiva, não ataca o ser humano. Às vezes a gente está na beira do rio para gravar ou se reunir, tem um jacarezinho do lado e pensa: ‘Será que vai atacar a gente?’. Mas não acontece nada. Eles têm medo da gente, mas dá aquele friozinho, é melhor não arriscar. Está sendo uma experiência muito gostosa, um contato com a natureza que nunca tinha tido. Pô, gravar do lado de um jacaré ou tomar banho do rio e aparecer um jacaré não é uma coisa que a gente vê na cidade!

PP: Qual final você espera para Renato e a família: ficar com Tenório ao lado da outra família ou voltar para a cidade sem o pai?

GS: Olha… eu não espero nada para o final do Renato porque li até o último capítulo e sei tudo o que vai acontecer. Agora, para o público que está na dúvida se o Renato vai se bandear para o lado do pai e se tornar o maior vilão de Pantanal ou vai se arrepender da influência que vai sofrer do pai, voltar para o lado do bem e ajudar a combatê-lo, ou uma terceira coisa, quem sabe o que vai acontecer (risos), quem está curtindo a novela vai ter que assistir. E não vale spoiler! Não vale procurar na internet o que aconteceu na outra versão!

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