Marília Mendonça começou sua trajetória de sucesso com uma música que compôs com apenas 12 anos: Minha Herança, lançada pela dupla João Neto & Frederico. A mesma idade tinha Hugo Henrique quando escreveu Perto de Você, sua primeira canção gravada por outro artista: Marília Mendonça. Considerado prodígio do sertanejo, como foi a “rainha da sofrência”, o cantor chora com a segunda grande perda em sua carreira.
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Hugo Henrique foi revelado no quadro Jovens Talentos Kids, do Programa Raul Gil, em 2011. Durante o concurso, ganhou o apelido de “mini Cristiano Araújo” por se vestir como o cantor e interpretar suas músicas. Em 2015, Cristiano morreu em um acidente automobilístico e entristeceu o garoto, que seguiu o legado do “padrinho” e passou a oferecer suas composições para vários artistas. Entre eles, Marília Mendonça.
“Em um show, conheci o Juliano Tchula, também um grande compositor e que tinha longa história com a Marília, e fiquei de mandar músicas. No outro dia, já cedo, separei algumas e enviei. No meio delas, estava Perto de Você. Ele mostrou para a Marília e ela gostou muito. Eu fiquei doido na época, não estava acreditando! Com 12 anos, nem entendia isso direito. Fiquei maluco mesmo quando o Tchula me ligou falando que a Marília tinha gostado da música e iria gravar. Marília me apadrinhou e me abençoou. Com certeza devo muito a ela, tenho muita gratidão pela Marília Mendonça. Tenho uma identificação muito grande com a sua história. Quando apresentei as músicas, acho que ela se identificou, se viu em mim, escrevendo muito cedo também”, afirma Hugo Henrique em entrevista exclusiva à coluna.
A parceria rendeu outros frutos. Em 2017, Marília retribuiu a composição e participou da gravação do primeiro DVD de Hugo Henrique, dividindo os vocais na música Só Falta Você Aceitar. No ano seguinte, o cantor emplacou mais uma letra na voz de sua “madrinha”: o hit Ausência, do projeto Agora é Que São Elas 2.
A fama de prodígio não existe por acaso. Atualmente com 17 anos, Hugo Henrique compõe desde os sete e já escreveu músicas para Matheus & Kauan e Dilsinho. Também cantou com Jorge, Maiara & Maraisa e Naiara Azevedo, entre outros artistas. Com Cristiano Araújo, a parceria começou no SBT e se estendeu em outros projetos, incluindo shows e uma participação no DVD do cantor, em 2012.
“Toda vez que eu ia ao Programa Raul Gil, meus pais ligavam no escritório do artista: ‘Meu filho vai cantar a sua música na TV’, mas ninguém retornava. Cantei Efeitos, do Cristiano Araújo, e foi minha melhor apresentação no programa. Assim que saí, o próprio Cristiano ligou: ‘Cadê o Huguinho? Quero conversar com ele!’. Passaram a ligação para mim: ‘Huguinho, quero te agradecer que você cantou minha música’. Muitas pessoas conheceram Cristiano Araújo, e ele também me agradeceu por ter divulgado a música dele. A apresentação deu tanto o que falar que a produção fez uma surpresa para mim. Na semana seguinte, cantei Efeitos de novo e ele apareceu. Foi a primeira aparição do Cristiano Araújo em rede nacional. A gente se ajudou muito”, recorda Hugo Henrique.
Ausência, título do sucesso de Marília escrito por Hugo, resume o sentimento do jovem cantor ao se despedir da “madrinha”, vítima de um trágico acidente aéreo na última sexta-feira: “Para mim, foi terrível. Fui ao velório dela, no sábado, e pude agradecer mais uma vez por tudo que ela fez por mim. Com certeza vou ter uma gratidão imensa por ela a vida toda. A voz dela nunca se cala. O sentimento deixado por ela, as histórias contadas por ela nunca vão se calar. Vai ser sempre levada como referência, inspiração, não só para mim mas para todos que gostavam da Marília Mendonça vai carregar para sempre no coração”.
Hugo Henrique revela que Marília iria gravar outras composições suas para seu próximo projeto, uma continuação do bem-sucedido DVD Todos os Cantos. O vazio deixado por ela é semelhante ao que Cristiano Araújo deixou, mas a diferença de idade fez o cantor sentir as duas perdas de forma diferente.
“Ná época em que aconteceu o acidente com o Cris, eu era muito pequeno, minha cabeça era totalmente diferente do que é hoje, mas o sentimento é muito parecido, esse vazio que deixa, porque os dois são artistas que admiro muito, dos quais sou fã e vou ter como referência para sempre na minha carreira, me ajudaram sempre e se foram de forma muito repentina, no auge da carreira, O baque, esse susto que pega a gente se surpresa, é muito parecido e muito difícil de lidar. Claro que na época eu era muito mais novo, era mais complicado, difícil de entender. Hoje consigo entender com mais facilidade, apesar de ainda ser muito difícil, mas o sentimento de vazio e tristeza é o mesmo. Duas fatalidades”, lamenta.
Com a maturidade de quem já tem uma década de carreira e escreve músicas como “gente grande” , Hugo Henrique encerra a entrevista com uma mensagem de conforto a todos os fãs de Marília para ajudá-los a lidar com a morte.
“O sentimento deixado por ela em cada música ainda existe. Todo esse trajeto que ela trilhou ainda existe. Ela ainda vive, ainda está entre a gente. Tudo que ela fez vai continuar na Terra para sempre. Ela teve um papel fundamental na música e para as mulheres, toda a representatividade que ela tinha e continua tendo. Não é uma voz que se cala. É uma voz que se eterniza e vai ficar aqui para a gente ouvir e lembrar da Marília sempre, do jeito que ela era, sorridente, que gostava de ajudar as pessoas, como ajudou a mim e diversos artistas. Esse é o pensamento que devemos ter”
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