O repórter Pedro Duran e o cinegrafista Daniel Cordeiro, da CNN Brasil, foram hostilizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante manifestação com motociclistas na tarde deste domingo (23), que reuniu cerca de 10 mil pessoas no Rio de Janeiro, segundo a organização do evento. O jornalista precisou de escolta policial para não ser agredido.
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Com gritos de “CNN lixo”, centenas de militantes insultaram Duran, que cobria ao vivo a participação do presidente no ato. O xingamento ao canal de notícias também ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter, com publicações a favor e contra o ataque à imprensa.
Para evitar o linchamento de Pedro Duran, agentes de segurança protegeram o jornalista e o escoltaram até uma viatura policial. Durante o percurso, ele sofreu agressões verbais de extremistas sem máscara de proteção contra o coronavírus. Um deles encobriu o repórter com uma bandeira verde e amarela.
Com dedos em riste, apoiadores do presidente tentaram intimidar o profissional de imprensa mesmo com a presença da polícia e o impediram de exercer a liberdade de imprensa prevista no artigo 220 da Constituição Federal.
O vereador Douglas Gomes (PTC), de Niterói, compartilhou o vídeo da expulsão do repórter da CNN Brasil como se fosse um troféu, estimulando o ataque a jornalistas, e recebeu o apoio de seguidores.
Também ficou entre os assuntos mais comentados o nome do ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945), que costumava circulava de moto em grandes passeatas para mostrar seu aparente poder. O líder fascista perseguiu opositores e foi responsável por mais de 440 mil mortes, sendo exaltado inclusive por Bolsonaro em suas rede sociais.
Colegas de Pedro Duran na CNN Brasil prestaram solidariedade ao repórter. “Minha solidariedade ao Pedro Duran pelas agressões sofridas hoje durante a cobertura do passeio presidencial pelo Rio. Na briga irracional de torcida que o nosso país vive, a verdade e, por consequência, os jornalistas foram escolhidos como alvo. Não recuaremos!”, escreveu o apresentador Márcio Gomes.
Em comunicado, o canal rechaçou o ataque contra seu repórter: “A CNN Brasil repudia todo tipo de agressão. Acreditamos na liberdade de imprensa como um dos pilares da democracia. Os jornalistas têm direito constitucional de exercer sua profissão de forma segura, para noticiarem fatos, dentro dos princípios do apartidarismo e da independência”.
A coluna indaga: quais são as intenções de quem defende perseguir a imprensa?