Linn da Quebrada, integrante do Camarote do BBB 22, é uma artista de opinião e não perdoa nem seu candidato à Presidência da República. Em setembro do ano passado, ela participou do programa Triangulando, de Thelma Assis (campeã do BBB 20), e conheceu Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a declarações de apoio, a cantora criticou o líder petista por se aproximar de extremistas como o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA).
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Candidato à Câmara mais votado em 2018 na Bahia, Isidório se define como “ex” homossexual e dissemina a “cura gay” (ainda que orientação sexual não seja doença). Conservador e evangélico fanático, ataca a comunidade LGBTQIA+ e utiliza a Bíblia para legislar, embora o Brasil seja um Estado laico (ou seja, que proíbe a interferência de qualquer religião em todos os Poderes).
Quando ficou frente a frente com Lula, Linn da Quebrada o questionou pela foto ao lado de Isidório, publicada dias antes da entrevista: “Hoje nós temos pessoas trans e travestis assumindo cargos políticos. Temos eu, aqui, diante do senhor, discutindo essas questões e falando, inclusive, que é preciso pensar o que significam os vínculos que se estabelecem quando o senhor faz essa foto o o pastor Isidório e o que isso significa diante de todas as ações que ele já estabeleceu perante a nossa comunidade”.
Lula tentou se defender: “Linn, se eu puder dar uma contribuição para que o pastor Isidório não tenha nenhum preconceito ou falta de respeito com vocês, eu vou fazer, e se eu puder convencer vocês a não ter com ele eu vou fazer”. Neste momento, ele foi interrompido pela cantora e por Thelminha.
“É que não se trata do nosso preconceito diante dele, se trata das ações que ele tem e que prejudicam a nossa vida. Estamos falando de vida”, ponderou Linn. “Sim, sim, e é muito mais do que preconceito. A população trans é a mais afetada e impactada, são pessoas que morrem todos os dias”, enfatizou a campeã do BBB 20.
“As ações do pastor legitimam toda a violência e morte perante os nossos corpos. Se a gente se compromete a mudar esse design global da violência, a gente tem que mudar também a partir da gente”, explicou a artista ao ex-presidente.
Lula continuou se justificando: “Mas é por isso que nós precisamos fazer com ele aquilo que nós não querermos que ele faça conosco. Ou seja, nós temos que discutir, temos que convencê-lo do equívoco. Linn, eu fui candidato em 2002, eu deparei na antevéspera da eleição com um jornal me chamando de demônio. Um milhão de cópias de jornal distribuídas na semana da eleição: ‘Lula, o demo'”.
Linn o interrompeu: “Agora imagina quantas travestis são chamadas de demônio e coisas muito piores cotidianamente. Nós já não temos o direito à humanização. Nós estamos lutando para ter o direito de sermos enxergadas enquanto humanas. Nós já somos os demônios e os monstros cotidianamente”.
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