Luto

Batoré e Carlos Alberto de Nóbrega se reconciliaram por causa de novela da Globo

Humorista de A Praça É Nossa morreu nesta segunda-feira (10), aos 61 anos

Publicado em 10/01/2022

É impossível falar de Batoré e não citar A Praça É Nossa. É impossível contar a história da Praça sem incluir o humorista, que morreu nesta segunda-feira (10), entre seus principais personagens. Esta relação ficou estremecida durante 13 anos, quando o ator acusou Carlos Alberto de Nóbrega de ter provocado sua demissão do SBT. Os dois reataram a amizade em 2016, e uma novela da Globo foi determinante para a reconciliação.

Este colunista acompanhou de perto a reaproximação. A história começou a partir do primeiro contato com Batoré, em fevereiro de 2016, para o portal UOL. O ex-integrante da Praça estava gravando Velho Chico, novela das nove da Globo, ao lado de Rodrigo Santoro, Rodrigo Lombardi, Chico Diaz e outros artistas renomados da emissora carioca. A entrevista por telefone rendeu a primeira de dezenas de reportagens sobre o humorista pernambucano.

Batoré, que durante toda a carreira foi criticado pelo tipo de humor extremamente popular, finalmente recebeu os primeiros elogios da imprensa na pele do delegado Queiroz. Em função do ótimo desempenho, permaneceu na segunda fase de Velho Chico e contracenou com Antonio Fagundes e Domingos Montagner, protagonistas da novela.

Entre os telespectadores, estava um ilustre conhecido. Carlos Alberto de Nóbrega ficou impressionado com o talento do ex-colega também em um papel dramático. Mesmo distante, quis parabenizá-lo e pediu ajuda a um amigo em comum, o humorista Zé Américo (os dois são padrinhos de casamento de Batoré).

“Estava assistindo aos últimos capítulos de ‘Velho Chico’. E não foi uma interpretação, foram várias. Ele foi brilhante pela naturalidade. E o Zé Américo é muito amigo dele. Disse: ‘Olha, Zé, fale para o Batoré que eu o cumprimento e fiquei muito feliz vendo o desempenho dele’. De noite ele ligou para mim e foi um bate-papo gostoso”, recordou Carlos Alberto em entrevista a este colunista, em fevereiro de 2017.

Batoré e Carlos Alberto de Nóbrega em A Praça É Nossa, em 1999
Batoré e Carlos Alberto de Nóbrega em A Praça É Nossa em 1999 Moacyr dos SantosSBT

Emocionado, Batoré retribuiu o telefonema e teve, finalmente, a conversa mais aguardada de toda a sua vida. Ele não falava com Carlos Alberto desde sua demissão, em 2003, porque tinha se sentido “traído” pelo líder da Praça, onde trabalhou durante quase 15 anos. A briga virou prato cheio para programas de TV e portais sensacionalistas (o humorista pernambucano recusou entrevistas porque sabia que seriam editadas).

“Falei: ‘Tudo que foi ventilado aí, 10% eu falei e 90% não’. ‘Batoré, eu conheço o teu coração, você é um cara do bem. Esquece isso, passe uma hora aqui para a gente tomar um café e bater um papo, faz de conta que não aconteceu nada. Parabéns, você está dando um banho aí. Estou muito orgulhoso’. E falou isso de peito cheio. ‘Mas se eu não tivesse passado pela ‘Praça’ eu não estaria aqui'”, contou Batoré a este colunista, em entrevista ao UOL.

Faltava o encontro presencial, que ocorreu três semanas após a publicação da reportagem, no palco do Domingo Legal. Ao lado de Zé Américo e Celso Portiolli, Carlos Alberto voltou a abraçar Batoré. A mágoa do passado foi desfeita. Em junho de 2019, foi convidado para sentar novamente no “velho e querido banco” da Praça, pela primeira vez desde sua saída tumultuada.

“No final do ano mandei uma mensagem para ele dizendo que eu estava finalizando um ano feliz, porque estava mais leve, tirei aquele peso da angústia e começaria o ano mais tranquilo porque voltamos a ser amigos. Temos uma história que é maior do que tudo o que aconteceu”, comemorou Batoré, em fevereiro de 2017, ao colunista. Ele realizou seu último sonho em vida.

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