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Ator de Gênesis se abala ao viver transfóbico em Sob Pressão: “Embrulhou meu estômago”

Caio Vegatti interpretou na Globo um filho que não aceita o relacionamento do pai com uma mulher transgênero

Publicado em 24/09/2021

O ator Caio Vegatti não imaginou um início de carreira melhor na televisão. Ele pode ser visto ao mesmo tempo na novela Gênesis, da Record, e na série Sob Pressão, da Globo, onde apareceu no episódio desta quinta-feira (23) interpretando Tito, jovem transfóbico que não aceita o relacionamento do pai, Avelino (Osvaldo Mil), com Cátia (Giowana Cambrone), uma mulher transgênero.

Aconselhado por Vera (Drica Moraes), o rapaz reviu seu preconceito para se aproximar do pai, que descobriu um tumor e precisou ser operado, e da companheira dele. Comportamento totalmente diferente de quando Tito entrou no hospital e ouviu Avelino dizer que deixaria metade de seus bens à amada: “Você vai dar metade do que eu tenho para um travesti?”, disse o filho, revoltado. “Dá tudo o que é meu para ele ou para ela, tanto faz”, concluiu antes de sair às pressas o centro médico.

Em entrevista exclusiva à coluna, Caio Vegatti admitiu ter passado mal psicologicamente ao se preparar para dar vida a um filho transfóbico: “É uma questão bem séria e delicada. Quando eu li o roteiro e vi as falas do personagem confesso que embrulhou um pouco o estômago. É uma realidade que existe, mas que muitos desconhecem, por isso acho necessário falar sobre isso. Quando você está em cena, se concentra, mas quando ela acaba, dependendo do que se trata, ficamos reflexivos. A cada término de discussão com meu pai na série eu ficava bastante abalado”.

Caio Vegatti Giowana Cambrone e Osvaldo Mil em Sob Pressão ReproduçãoTV Globo

Destaque do filme Pai em Dobro, estrelado por Maisa na Netflix, Caio Vegatti gravou Sob Pressão antes de entrar para o elenco de Gênesis, porém a pandemia de coronavírus adiou a estreia da quarta temporada da série. O ator encara a coincidência de estar simultaneamente em duas emissoras como um prêmio por sua persistência na profissão, desafiando inclusive a própria família.

“Confesso que já fui muito ansioso em relação ao trabalho. Eu entrei no teatro por acaso, de 21 para 22 anos, mas me identifiquei muito rápido. Fiz todo tipo de curso possível. Queria muito trabalhar, pois não foi nada fácil essa transição para as artes dentro de casa. Venho de uma família de profissões tradicionais, e muitas vezes eu bati de frente com pessoas muito importantes da minha família. Precisava trabalhar para mostrar aos meus pais que era isso que eu queria. Graças a Deus, as coisas foram acontecendo. Quem vê de fora acha que tudo são flores, mas a caminhada é longa. Eu tinha feito um filme que foi ao ar ainda esse ano e agora esses dois trabalhos. É muito bom exercer o que você ama e, fazer essas participações na Globo e na Record foi incrível”, comemora.

Em sua segunda novela na Record, Vegatti interpreta Onã na última fase de Gênesis. Embora tenha lido a Bíblia na infância, incentivado pela avó, o ator teve pouco tempo para estudar a história de seu personagem, filho de Judá (Thiago Rodrigues): “A novela estava em um ritmo acelerado. Recebi o convite em uma sexta-feira e na segunda estava me reunindo com o preparador de elenco para gravar. Procurei saber ao máximo a relação de Onã com sua família e seus antepassados”.

Caio Vegatti em Gênesis e Sob PressãoMontagemBlad MeneghelRecord TVReproduçãoTV Globo

Tanto na trama bíblica quanto na série médica, Vegatti se aproximou de um tema comum: a intolerância, seja por fanatismo religioso seja por moralismo. O ator afirma ter aprendido nos dois trabalhos a se colocar no lugar de quem sofre e compreender o outro sem pré-julgamentos.

“Aprendi mais ainda a respeitar a dor do outro, o que aflige aquela pessoa. Muitas vezes o que não mexe com a gente atinge de outra forma aquele indivíduo. Tanto na série quanto na novela, vivendo essas histórias, pude perceber que antes de qualquer coisa devemos saber que cada um tem sua história, com suas lutas, suas dores, suas mágoas por isso temos que ter cuidado com o que falamos e fazemos.”

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