
Agora é verdade. Uma semana após ser envolvido em uma fake news com Jair Bolsonaro, Ratinho entrevistará o atual presidente e outros três candidatos à Presidência da República: Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes e Simone Tebet. O SBT anunciou nesta terça-feira (30) que o apresentador receberá em seu programa os quatro presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas eleitorais para uma série de sabatinas.
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Todas as entrevistas serão ao vivo, no tempo de 30 minutos ininterruptos. De acordo com a emissora, os quatro entrevistados já receberam os convites. Uma reunião para definir a ordem dos candidatos e as regras está marcada para sexta-feira (2). Coincidentemente (ou não), é o mesmo dia em que Bolsonaro marcou em sua agenda de campanha uma sabatina no SBT, segundo o site Poder360, especializado em política.
Na última terça, um dia após a ida do presidente ao Jornal Nacional, Ratinho tornou-se um dos assuntos mais comentados nas redes sociais porque teria “anunciado” uma entrevista com o candidato à reeleição para o mesmo dia da sabatina de Lula no telejornal da Globo.
O material, no entanto, era enganoso. Bolsonaristas recuperaram um vídeo de março de 2020 do Programa do Ratinho com o objetivo de roubar audiência do JN durante a participação do líder petista, como reação à postura de William Bonner e Renata Vasconcellos frente a frente com o candidato à reeleição, desmentindo todas as suas distorções e afirmações falsas.

Procurada pela coluna, a direção do programa negou a gravação de outra conversa do apresentador com o presidente e a reprise do material exibido em 2020. Em seguida, o próprio apresentador desmentiu, em sua rede social, a entrevista com Bolsonaro no mesmo dia de Lula no JN. Assista aqui.
A estratégia bolsonarista deu certo. Por dois décimos, Lula não passou Bolsonaro na audiência das sabatinas do JN na Grande São Paulo. Em contrapartida, o telejornal cresceu mais às quintas, graças ao ex-presidente, do que às segundas, com o atual chefe do Executivo.
Ratinho já recebeu Lula em 31 de maio de 2012, quando o ex-presidente concedeu ao apresentador do SBT a primeira entrevista após deixar o Planalto e se recuperar de um câncer na laringe. Uma década depois, o clima entre o comunicador e líder petista é dos piores. Em dezembro de 2021, Lula defendeu publicamente a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), ameaçada de morte por Ratinho durante seu programa veiculado em uma concessão pública de rádio: “Natália, você não tem o que fazer? Vá lavar roupa, vai fazer algo, a lavar as caixas do seu marido, a cueca dele. Isso é uma imbecilidade. A gente tem que eliminar esses loucos. Não dá para pegar uma metralhadora?”.
Com Bolsonaro, a relação de Ratinho ultrapassou os limites profissionais. O apresentador aproveita constantemente seu programa no SBT para defender o governo e atacar críticos, como em um discurso exibido em janeiro de 2021, quando o Brasil registrava mais de 220 mil vítimas do coronavírus.
“Desde o início da pandemia, fizeram tudo o que foi possível para atrapalhar as providências do governo federal: a Justiça, a oposição, governadores de alguns estados, parecem que estão todos unidos naquela ‘quanto pior, melhor’, então fecham empresas, fecham o comércio, quebram indústrias. Tem muita gente torcendo pelo caos”, acusou Ratinho em vídeo que viralizou em perfis bolsonaristas nas redes sociais.
Oficialmente, Ratinho entrevistou o presidente três vezes, mas fora do SBT os encontros são mais recorrentes. Em dezembro de 2020, por exemplo, Ratinho pescou com Bolsonaro no litoral de Santa Catarina e, em plena pandemia, se encantou pela forma como o político provocou aglomeração na praia, sem distanciamento nem uso de máscaras. “Gente como a gente”, comentou o comunicador ao ministro das Comunicações, Fábio Faria, nomeado para o cargo, nas palavras do chefe do Executivo, por ser genro de Silvio Santos.
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