
Em 5 de novembro de 2019, a CNN Brasil, antes de estrear, anunciou mais duas contratações para seu já estrelado elenco. A primeira, Gabriela Prioli, continua contratada. A segunda encerrará sua trajetória tenebrosa em 31 de outubro de 2021, segundo comunicou o canal de notícias à imprensa. Caio de Arruda Miranda, bacharel em direito que criou o sobrenome artístico Coppolla, feriu a credibilidade da empresa jornalística com ataques e mentiras.
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Caio, anunciado como Coppolla, foi apresentado pela CNN como “referência de opinião para o público conservador”. Na prática, espalhou preconceito e desinformação à moda conservadora, com falso moralismo e destruição de reputações sob o pretexto de “defender” a família, a moral e os bons costumes. Na rádio Jovem Pan, conseguiu fama às custas de bate-bocas ao vivo com colegas como Fefito (quando emitiu uma fala transfóbica contra a jogadora de vôlei Tifanny Abreu) e Edgard Piccoli (ao passar a mão na cabeça do presidente Jair Bolsonaro suavizando a declaração desrespeitosa contra o pai do presidente da OAB, vítima da ditadura militar).
O sucesso como sujeito repugnante o levou à CNN Brasil para debater com Gabriela Prioli, esta sim advogada. Entretanto, O Grande Debate, programa tradicional nos Estados Unidos, virou no Brasil o palco perfeito para Caio “triturar” colegas, como fez na Jovem Pan (Fefito e Edgard Piccoli saíram da rádio em razão do linchamento provocado pelo rebanho de “Coppolla” nas redes sociais).
O bacharel em direito transformou a troca de ideias em uma competição em que só interessa vencer para ter razão. Seguindo este modus operandi da extrema-direita, “eliminou” Gabriela Prioli (de quem “apanhou” no debate de ideias e saiu ao ser confrontada pelo mediador Reinaldo Gottino), Augusto de Arruda Botelho (chamado por ele de “sua laia”) e Marcelo Feller (contra quem desobedeceu as regras do quadro impedindo-o de ser o último a falar).
A antiga direção da CNN Brasil, contudo, parecia não se incomodar com seu “padrão de qualidade” ruindo na TV e na internet. Entre as mentiras espalhadas pelo denominado “Coppolla”, estão a falsa cobrança de aluguel pelo MTST (inventada para atacar Guilherme Boulos) e a comparação esdrúxula entre mortes por coronavírus e por engasgo nos Estados Unidos, com o objetivo de encorajar as pessoas a saírem de casa durante a pandemia (iniciativa estimulada por Bolsonaro para que a maioria da população contraísse a Covid-19).
Sob a carapuça de “contestador”, Caio de Arruda Miranda desrespeitou também as decisões da CNN. Ao defender o isolamento social só para pessoas do grupo de risco para Covid-19 (bandeira bolsonarista), ele argumentou que a própria emissora o colocava em perigo obrigando-o ao trabalhar presencialmente. Monalisa Perrone precisou desmentir o colega: “A CNN Brasil deixa muito claro que segue as regras e, para lembrar a todos, os debatedores, os senhores e as senhoras que nos acompanham, o trabalho da imprensa no mundo inteiro é considerado um trabalho essencial nesse momento de pandemia. Quem diz isso não sou eu, é a Organização Mundial da Saúde”.
A CNN, aliás, já tinha motivos para demiti-lo em agosto de 2020, quando ele defendeu o colega conservador Leandro Narloch, que havia sido dispensado do canal por ter distorcido uma pesquisa e associado o vírus da Aids à “promiscuidade” de homossexuais (sempre ele, o falso moralismo).
Caio de Arruda Miranda abriu as portas da CNN, marca forte e consolidada do jornalismo mundial, ao negacionismo. Em julho de 2020, a antiga direção da emissora contratou Alexandre Garcia, jornalista que faturou alto mentindo sobre a pandemia. Ambos conseguiram um espaço na emissora sem que pudessem ser rebatidos ou questionado, o quadro Liberdade de Opinião.
A partir da troca de comando na CNN Brasil, em março deste ano, iniciou-se a “limpeza” ética da emissora de notícias, primeiramente com a saída de Alexandre Garcia e, agora, ao dispensar Caio de Arruda Miranda. Infelizmente, demorou dois anos para a emissora perceber que dar “liberdade” a profissionais sem apreço com a verdade foi seu pior erro.
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