Exclusivo

Além da Ilusão: Zu Vedovato revela bastidores de golaço de bicicleta sem dublê: “Tentei 20 vezes”

Proibida pelo governo de jogar futebol, Lucinha se disfarçou de homem para entrar em time da tecelagem

Publicado em 05/07/2022

Em Além da Ilusão, depois do humilhante 7 a 1, o time da tecelagem se vingou da equipe da usina com uma virada cheia de golaços no capítulo desta terça-feira (5). Uma bicicleta e um voleio marcados por Lúcio decretaram a vitória por 4 a 3. Entretanto, os jogadores não sabem que Lúcio é Lucinha (Zu Vedovato), que se disfarçou de homem para jogar futebol, proibido para mulheres pela ditadura de Getúlio Vargas, em 1941.

A atriz, que torce pelo futebol feminino e pelo Corinthians, descobriu apenas na novela das seis que mulheres não podiam jogar na década de 1940, em que Além da Ilusão é ambientada. Em entrevista exclusiva à coluna, ela se orgulha do papel que desempenha na trama, desafiando o governo e o machismo, já que o único homem que descobriu o disfarce, Abel, ameaçou revelar a identidade da garota.

“Eu não sabia que naquela época era crime e que mulheres só podiam jogar no circo porque era uma piada para a sociedade. Além da opressão, era depreciativo. Quando soube, fiquei muito chocada. Lucinha tem 16 anos, mas está muito à frente de seu tempo. Veio como uma luta muito forte e importante de ser discutida até hoje. Por mais que hoje a gente não tenha muitos campos em que mulheres sejam proibidas de atuar, a gente sabe que há desvalorização, opressão, que mulheres não recebem o mesmo que os homens. Temos que falar até conseguir dar um basta nisso! Temos o nosso valor e somos tão capazes quanto os homens. Temos que nos valorizar dessa maneira”, afirma Zu.

Praticante de futevôlei, a atriz chegou a aprender técnicas de futebol para a série A Cara do Pai, mas precisou de dublê para algumas cenas como Lúcio no time da tecelagem. Para o capítulo desta terça, ela foi desafiada pelo diretor da novela, Jeferson De, a marcar um gol de bicicleta sem dublê, algo difícil até para atletas profissionais. Rony, camisa 10 do Palmeiras, virou piada nas redes sociais por tentar o giro no ar em todos os jogos, sem sucesso.

“No início, a gente teve dublê, só que o Jef, nosso diretor, falou: ‘No final do campeonato, quero que você faça um gol de bicicleta!’. A gente teve um treinamento. É muito difícil!”, relembra a atriz, que contou com aulas de um dublê apenas para treinar a queda após a bicicleta. “Quem faz sou eu, não é dublê!”, reforça.

Para aumentar a pressão, a intérprete de Lucinha e Lúcio teve tempo reduzido para gravar sua cena mais importante até então. Após muitas tentativas, ela conseguiu marcar os golaços pedidos pelo diretor. “Tínhamos 20 minutos para gravar. Fiz umas 20 vezes e eu acertei umas dez. O diretor falou: ‘Já tenho a que eu quero, mas eu queria uma melhor ainda!’. E a gente ia, e ia. Fiz um gol de voleio e um gol de bicicleta. E fui eu, não foi dublê!”, celebra.

Antes de ser desmascarada, Lúcio decidiu revelar para o técnico, Onofre (Guilherme Silva), que era uma mulher. O papel histórico da personagem, porém, já foi entregue, e com uma citação indireta a um dos maiores jogadores do futebol brasileiro: Leônidas da Silva, craque da Copa do Mundo de 1938 e especialista em bicicletas. O “Diamante Negro”, como foi apelidado, atuava pelo São Paulo quando Lucinha repetiu sua marca registrada.

Lucinha e Leônidas da Silva
Lucinha e Leônidas da Silva

Siga o colunista no Twitter e no Instagram.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade