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Ai Se Eu Te Pego, o hit do bilhão: Briga judicial impediu compositora de virar apresentadora de TV

Sharon Acioly nega ter ficado rica com sucesso de Michel Teló, que atingiu marca histórica no YouTube

Publicado em 27/06/2021

Principal hit do cantor Michel Teló, Ai Se Eu Te Pego alcançou neste domingo (27) a impressionante marca de 1 bilhão de visualizações no YouTube, considerando apenas o clipe oficial publicado no canal do jurado do The Voice Kids, reality show da Globo. Terceira música brasileira a ultrapassar o bilhão na plataforma de vídeos, o sucesso de 2011 rendeu processos e dor de cabeça a uma das compositoras, Sharon Acioly.

Inicialmente, a comunicadora dividia os créditos de Ai Se Eu Te Pego com Antonio Dyggs, empresário e dono de uma casa de shows em Feira de Santana (BA). Ele conheceu o funk “Nossa, assim você me mata! Ai, se eu te pego! Ai, ai, se eu te pego!” em 2008, interpretado por Sharon, na época animadora de palco do clube Axé Moi, em Porto Seguro (BA), e famosa por ter viralizado na web a Dança do Quadrado.

Como um forró, foi gravado pelos grupos Os Meninos de Seu Zeh (empresariado por Dyggs), Cangaia de Jegue e Garota Safada (de Wesley Safadão) até entrar para o repertório de Michel Teló. O clipe, publicado no YouTube em 25 de julho de 2011, repercutiu nas principais redes sociais da época (Facebook e Twitter) e ganhou coreografia repetida nos campos de futebol por Neymar e Cristiano Ronaldo, que ajudou a espalhar a canção pela Europa. Ai Se Eu Te Pego liderou as paradas musicais em mais de 20 países na Europa e na América.

“Quando fiz a primeira versão da música, quando ainda era só um funk de apresentação dos dançarinos que me acompanhavam nos shows pelo Brasil, eu tinha o feeling de que um dia iria dar em alguma coisa, mas nem nos meus mais fantásticos sonhos imaginei algo tão grandioso. Mundial!”, comemora Sharon em entrevista exclusiva à coluna.

Dos palcos, Ai Se Eu Te Pego foi parar nos tribunais. Três estudantes reivindicaram a autoria do refrão cantado por Sharon Acioly no litoral baiano e também aparecem nos créditos da música: Aline Medeiros da Fonseca, Amanda Grasiele Mesquita Teixeira da Cruz e Karine Assis Vinagre. Outro trio de jovens também entrou na Justiça, porém não obtiveram o reconhecimento da composição. O caso chegou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), e por pouco Michel Teló não foi impedido de cantar seu principal hit.

“Sempre perguntam [se fiquei rica]. Quem fica rico é o intérprete porque, além do Ecad [Escritório Central de Arrecadação e Distribuição], ganha fazendo comerciais de TV, publicidade em geral. O número de shows aumenta. Visualizações no YouTube vão à Lua, venda de CDs, DVDs, streaming… O intérprete sempre ganha mais. Os compositores ficam com a parte autoral apenas”, explica Acioly, que à Justiça alegou ter recebido R$ 100 mil desde o lançamento da música (o rendimento total nos dois primeiros anos alcançou R$ 10 milhões).

Sonho da televisão suspenso

Embora tenha se tornado celebridade como cantora e compositora, Sharon sempre desejou ser apresentadora de TV. “Quando minhas amigas pintavam os cabelos de loiro para tentar ser Paquita, eu ficava esperando vagar o lugar da Xuxa!”, brinca. Dança do Quadrado e Ai Se Eu Te Pego aproximaram a comunicadora da televisão, no entanto a briga judicial a impediu de realizar seu sonho de infância.

“Sempre quis comandar um programa de auditório, meu trabalho nos palcos de Porto Seguro sempre foram inspirados pela TV. Quando a música estourou internacionalmente, resolvi mudar de Porto Seguro para Salvador para buscar isso. Um conhecido era dono de um canal fechado na cidade e me ofereceu um espaço. A princípio, eu iria bancar tudo, até atrair patrocinadores. Aí veio o processo e minha vida ficou suspensa no ar”, lamenta Acioly, que precisou suspender outros projetos.

“Depois que o processo sobre a autoria da música saiu na mídia, tive vários convites cancelados. Estava com Caldeirão [do Huck] e Esquenta marcados e confirmados. Eu iria lançar uma terceira música, parecia que ia ser abraçada pela mídia. E aí tudo foi cancelado. A desculpa foi ‘mudança de pauta’ dos programas, mas era óbvio que era por causa do processo”, relembra.

Também em 2012, passou uma gravidez de risco e deu à luz Sabrina. Gradativamente, voltou aos trabalhos e migrou para a produção de eventos. “Fiz Copa do Mundo, Olimpíada e Paralimpíada. Depois disso, a demanda caiu e tive a ideia de ir para os Estados Unidos. Sou americana de nascimento, então para mim não haveria muita dificuldade para trabalhar lá. Montei uma pequena empresa de festa infantil de estilo brasileiro e consegui um espaço em rádio brasileira. Até que veio a pandemia”.

Há seis meses, deixou a Flórida e passou a morar com a família em Saquarema (Região dos Lagos do Rio de Janeiro). Atualmente com 50 anos, Sharon Acioly luta contra a Covid-19. Vacinada com a primeira dose, ela contraiu o coronavírus e não pode comemorar o bilhão de Ai Se Eu Te Pego como gostaria em função dos sintomas da doença.

“Vim para o Brasil por causa da pandemia. Minha família precisava da minha presença. Devo ficar por um tempo mais longo do que o planejado. Estou me recuperando da Covid, não está fácil. As sequelas são bem duras. Tenho tido dias de muita dor, noites sem dormir. O pior são as dores muito fortes. Mãos pés e lábios dormentes. A Covid atacou meu sistema neurológico e desencadeou uma neuropatia diabética”, descreve.

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