Memória

Jornal da Globo completa 40 anos no ar com proposta diferenciada no fim de noite

No entanto, o título batizou outros dois telejornais da emissora, nas décadas de 1960 e 1970

Publicado em 02/08/2022

O Jornal da Globo, nosso companheiro do nosso fim de noite com jornalismo analítico e aprofundamento das questões do dia que termina, está completando 40 anos no ar nesta terça-feira (2). Sobre a efeméride, são necessárias algumas explicações. A primeira delas envolve justamente o questionamento em torno desses 40 anos.

Entre 1967 e 1969, a TV Globo exibiu às 19h45min um noticiário que já se chamava Jornal da Globo. Seus apresentadores eram Luiz Jatobá e Hilton Gomes e o foco, até pela curta duração do jornal (15 minutos), era em manchetes, acontecimentos importantes do Brasil e do mundo. Este último seguiu no horário quando, em setembro de 1969, a emissora criou o Jornal Nacional.

Após 10 anos fora do ar, o título Jornal da Globo foi retomado em 2 de abril de 1979. Sérgio Chapelin foi o apresentador da nova proposta do jornalismo da emissora, que já vinha de outras iniciativas na segunda metade dos anos 1970, como Painel e Amanhã.

O editor na ocasião era o jornalista Fabbio Perez. Entrevistas eram feitas no estúdio e comentaristas como Léo Batista dividiam com Chapelin a bancada em formato de bumerangue. Havia também um monitor com os destaques da edição, a exemplo do que se fazia no Jornal Nacional.

A empreitada durou apenas cerca de um ano e meio e, em março de 1981, o Jornal da Globo cedeu a vaga para uma segunda edição do JN. Todavia, esta durou igualmente pouco. Em 2 de agosto de 1982 o nome Jornal da Globo voltou a ser utilizado, a partir de então de forma ininterrupta. Em virtude desse pequeno imbróglio é que, por exemplo, agora se comemoram os 40 anos do JG…

Década de 1980: Eliakim Araújo à frente

Em 1982, o Jornal da Globo teve três apresentadores: Renato Machado, Belisa Ribeiro e Luciana Villas Boas.

Antecipando uma tendência que ganharia força no fim dos anos 1990, eles iam além da apresentação: participavam da elaboração do telejornal e da própria apuração das notícias, inclusive com a possibilidade de intervenções fora do script, para serem dadas informações em primeira mão obtidas por eles em conversas com fontes.

Com a média de meia hora, a duração do JG podia variar conforme as necessidades do que era programado, entre noticiário, reportagens, entrevistas e séries especiais. Correspondentes da Globo nos Estados Unidos (Nova York) e na Inglaterra (Londres) faziam entradas com destaques desses centros. Ainda, entradas de São Paulo e Brasília.

As parceiras de Eliakim na apresentação do JG

A partir de janeiro de 1983, Eliakim Araújo assumiu o Jornal da Globo. Até 1989, quando se transferiu para a TV Manchete junto com sua esposa, Leila Cordeiro, Eliakim teve três parceiras na bancada do JG: Liliana Rodriguez (1983), Leilane Neubarth (de 1983 a 1986) e a própria Leila (a partir de 1986).

O estilo de Eliakim, ao mesmo tempo sisudo e simpático, se é que isso é possível, marcou o tom do noticiário naqueles anos de transição política no País. Jô Soares e Chico Caruso mantiveram colunas centradas em comentários dos acontecimentos políticos. Outro comentarista marcante foi Paulo Francis, que ingressou no JG após integrar o projeto do Globo Revista, pouco antes.

Outra grande marca do JG, iniciada já nesses primeiros anos e que ainda hoje permanece, é a importância dada a artistas e iniciativas culturais.

Shows, espetáculos de teatro, lançamentos de livros e filmes, reportagens sobre obras significativas e seus autores, tanto em âmbito nacional quanto no internacional, sempre tiveram espaço no jornal do fim da noite. O trabalho de Jorge Pontual como editor-chefe teve papel fundamental nessa orientação.

Antes do JN, Bonner e Fátima juntos

Em 1989, William Bonner substituiu Eliakim no Jornal da Globo. Até 1993, ele teve como parceira Fátima Bernardes. Cláudia Cruz, Cristina Ranzolin e Márcia Peltier também passaram pela bancada do JG. Eventualmente, Celso Freitas e Leda Nagle também comandaram o jornal.

Década de 1990: o reinado de Lillian Witte Fibe

Na segunda metade da década de 1980, Lillian Witte Fibe apresentou o Globo Economia. Eram cinco minutos diários, depois do Jornal da Globo. Após uma passagem pelo SBT no início dos anos 1990, à frente do Jornal do SBT, Lillian voltou à Globo justamente para apresentar o JG. Isso se deu a partir de 1993.

Além de apresentadora, Lillian Witte Fibe era também editora do jornal, com autonomia sobre o que entraria ou não no ar. Esse período apresentou os comentaristas fixos Paulo Francis, Juca Kfouri, Joelmir Beting e Alexandre Garcia. Luis Fernando Verissimo também integrou a equipe, produzindo charges em vídeo sobre os acontecimentos de maior importância no cenário político nacional.

A primeira passagem de Lillian pelo comando do Jornal da Globo foi até 1996, quando a emissora a transferiu para o Jornal Nacional, que ela passou a apresentar junto de William Bonner. Porém, em 1998 Lillian voltou uma vez mais à bancada do JG, na qual permaneceu até 2000.

Entre 1996 e 1998, Mônica Waldvogel e Sandra Annenberg foram apresentadoras do jornal, que não raro foi ao ar por volta de uma da manhã, já que nessa época era exibido após a sessão interativa de cinema Intercine, que entrava no ar entre 22h30 e 23h.

Anos 2000: tempos de Ana Paula Padrão e uma nova dupla

Em 2000, Ana Paula Padrão foi escolhida para substituir Lillian Witte Fibe no comando do Jornal da Globo. Não era uma tarefa das mais fáceis, uma vez que Lilian imprimiu sua marca ao noticiário em suas duas passagens por ele, como apresentadora e editora. Mas Ana Paula também soube dar ao JG a sua cara.

Nessa fase, após Mariano Boni de Mathis assumir o JG como editor-chefe, aumentou a integração do noticiário com a internet, por exemplo.

Além disso, séries especiais, como uma sobre cidades brasileiras em que havia emprego e outras reportagens com foco na dinâmica do mercado de trabalho passaram a integrar as pautas do jornal. Foram sacadas de Mariano, antenado com os movimentos sociais e econômicos daquele começo da década, de desemprego crescente.

William Waack e Christiane Pelajo

Em 2005, Ana Paula Padrão trocou a Globo pelo SBT. Durante algumas semanas o Jornal da Globo foi apresentado por Chico Pinheiro interinamente. Isso até a estreia dos novos ocupantes da bancada: William Waack e Christiane Pelajo.

Waack declarou ao Projeto Memória Globo que um dos motivos que o levaram a aceitar o convite para apresentar o JG foi o fato de não ter que deixar de lado a reportagem, poder escrever e participar ativamente de sua elaboração, não ficando relegado apenas à bancada.

A nova dupla trouxe consigo tempos de maior informalidade para o JG, mais espontaneidade sem que isso comprometesse a seriedade do conteúdo jornalístico.

A dupla durou até 2015, quando Christiane saiu do JG e Waack seguiu sozinho. No final de 2017, após declarações racistas que geraram muita polêmica e não pegaram nada bem, a Globo afastou o jornalista de suas funções e oficializou sua substituta Renata Lo Prete como nova apresentadora do Jornal da Globo. Renata havia assumido poucos meses antes a concorrida bancada do Jornal das 10, da Globo News, atualmente sob o comando de Aline Midlej.

Uma posição estratégica na grade da Globo

Ao invés de ser uma simples opção para notívagos ou fãs de jornalismo, o Jornal da Globo tem se consagrado cada vez mais como uma atração estratégica na grade da emissora.

Com nossos horários empurrando afazeres para cada vez mais tarde, o JG representa um novo fôlego na audiência para programas que vêm na sequência e nos quais a Globo aposta, como o Conversa Com Bial e séries americanas inéditas na TV aberta.

O aprofundamento das principais notícias do dia que passou, as principais da noite que se encerra e uma visão crítica dos acontecimentos, sempre incentivados no Jornal da Globo, ganham ainda mais importância nos dias que correm.

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