Desabafo

“Quando meu pai votou em Bolsonaro, senti uma dor profunda”, lamenta Marco Pigossi

Ator falou sobre sua sexualidade pela primeira vez

Publicado em 07/01/2022

Marco Pigossi quebrou o silêncio e pela primeira vez falou sobre a sua sexualidade. O ator, que está afastado há anos da TV, detalhou todo o seu processo de descoberta e aceitação.

O assunto voltou à tona após o namorado do artista, o cineasta italiano Marco Calvani, postar uma foto do casal nas redes sociais. Bem humorado, Marco comentou: “Choca zero pessoas”.

De fato, a sexualidade do ator era sempre comentada por muitas pessoas. Entretanto, ele nunca se assumiu publicamente gay no tempo em que trabalhava na Globo.

Na minha cabeça, não havia nenhuma margem de chance para eu me assumir. Se fizesse isso, todas as portas se fechariam para mim de forma automática”, revelou em entrevista à revista Piauí.

Segundo o ator, ele precisou lidar com a pressão e com fofocas. Recorreu à terapia e usou o tempo e a experiência para ficar bem consigo mesmo. Agora, morando no exterior, ele se sente mais à vontade em falar do assunto.

“Nada como viver às claras, ser o que se é em privado e em público. Talvez os futuros galãs não sintam o mesmo medo que eu senti de perder minha carreira”, destacou.

Marco Pigossi ao lado do namorado (Reprodução)
Marco Pigossi ao lado do namorado Reprodução

Decepção com o pai

Em seu desabafo, Pigossi lamentou a relação com a família, principalmente com o pai. Embora tivesse uma proximidade, acabou se decepcionando ao descobrir que ele havia votado em Jair Bolsonaro.

Meu pai votou em Bolsonaro. Durante os oito anos do meu namoro com um homem, minha família sempre soube. Mas meu namorado e eu nunca jantamos com meu pai, que jamais perguntou sobre meu relacionamento“, lembrou.

Meu pai e eu tínhamos o hábito de pilotar moto. Juntos, chegamos a viajar de São Paulo à Patagônia, percorrendo mais de 5 mil km. Mas, apesar da proximidade física nas viagens, sempre houve um abismo. Minha vida amorosa era um não assunto. E, quando meu pai votou em Bolsonaro, senti uma dor profunda, uma tristeza profunda”, lamentou.

Hoje em dia, o ator não tem um contato tão direto com o pai, mas espera que as coisas mudem. “Meu pai e eu ficamos sem nos falar durante o ano da eleição – e até hoje temos contatos apenas esporádicos. O abismo, que já era grande, tornou-se ainda maior. Meu pai é um cara afetivo, sensível. Sou o primeiro gay com quem ele lida. Pouco a pouco, espero que ele aprenda a lidar com naturalidade”, destacou.

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