História do Brasil

Novo Guia Politicamente Incorreto: nem de direita, nem de esquerda

Segunda temporada da série do History é apresentada por historiador youtuber e tem entrevista com William Waack

Publicado em 06/11/2020

Nem de direita, nem de esquerda: é a promessa do seu apresentador. O canal History da TV por assinatura traz de volta a série Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, agora em nova temporada, com oito episódios.

A atração revisita fatos marcantes da História nacional com abordagens diferentes em relação ao senso comum ou aos livros didáticos, lançando novos olhares e trazendo entrevistas e depoimentos. O formato e linguagem são mais de entretenimento do que documentário.

À frente da câmera está o escritor, jornalista e historiador Eduardo Bueno. Dono do canal Buenas Ideias, no YouTube, ele tem perto de um milhão de inscritos num dos espaços mais bem posicionados da plataforma para os amantes ou curiosos sobre a História do Brasil. Embora seu objetivo não seja educacional no sentido formal, Bueno atrai na internet o sonho de todo professor da disciplina de História: a atenção do seu público.

Irreverente, empático e carismático, Bueno, no seu deslocamento para a tela do History, encabeça um programa que passou por algumas transformações. A começar pela equipe.

Sai de cena Leandro Narloch, o autor do livro (Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, de 2011, Editora Leya) que marcou o lançamento de uma coleção de livros com vários temas e inspirou a série de TV.

A produtora Studio Fly comprou os direitos da publicação sobre a História do Brasil e levou ao ar a primeira temporada, com oito episódios, que estreou no History em 2017 e foi apresentada por Felipe Castanhari.

Desta vez, a consultoria acadêmica para a série é do cientista político Christian Lynch. Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Lynch tem uma produção acadêmica bastante conceituada e é tido como um dos nossos maiores especialistas em Brasil Imperial e Século 19.

Dos temas que serão abordados nesta nova temporada, destaque para a participação do Brasil na Segunda Grande Guerra Mundial. Entre os entrevistados está o jornalista William Waack, um craque em assuntos bélicos e de poder.

Outros assuntos na série serão a participação da Princesa Isabel na abolição da escravidão no País, a ação dos Bandeirantes na expansão do território e a Inconfidência Mineira, só para citar alguns.

Raul Costa Júnior, diretor geral dos canais A+E no Brasil (canais A&E, History, History 2 e Lifetime), falou durante a apresentação do programa à imprensa sobre a relevância destas produções originais do History, feitas para criar conexão com as audiências locais.

O programa também será exibido nos canais da empresa fora do Brasil, em língua espanhola e no canal em Portugal, de acordo com Cesar Sabroso, vice-presidente sênior de Marketing da A +E Networks LatinAmerica& Brasil. Para ele, há interesse pelo Brasil e sua história por parte do público dos canais em toda a região.

O politicamente incorreto andou endireitando demais”, afirmou o apresentador Eduardo Bueno em entrevista. De acordo com ele, a História sempre foi abordada de forma ideológica, fragmentada, e ele, que se define como um rebelde, acredita que o mundo hoje está polarizado “de um jeito ridículo”. Para Bueno, a proposta da série é promover a discussão com conteúdo.

De acordo com o consultor Christian Lynch, a História não é devidamente valorizada; ela é procurada quando se busca pelos males. “O passado é tão complicado quanto o presente, e o presente sempre foi polarizado”, afirma. Segundo ele, essa temporada do programa mostra como há diferentes narrativas para um mesmo acontecimento.

Aurélio Figueiredo, roteirista e produtor executivo da série, destaca nos episódios os cuidados com o conteúdo do ponto de vista acadêmico e também a preocupação em se procurar muitos especialistas sobre cada um dos assuntos abordados.

Passado recente

A primeira temporada do programa foi marcada por uma polêmica, quando dois escritores – Lilia Mortiz Schwarcz e Laurentino Gomes – pediram para retirar os seus depoimentos já gravados e editados, alegando na ocasião que pensavam se tratar de um documentário.

Para Raul Costa Jr., nesta temporada houve um cuidado maior em se buscar o equilíbrio de diferentes opiniões sobre um mesmo assunto. O apresentador Eduardo Bueno acha que a primeira temporada levou uma pecha injusta, ao ser classificada como sendo de direita.

“O que aconteceu foi que historiadores não quiseram participar da série. O programa em si não era de direita; era um programa que queria controvérsia, era um programa de debate”. Para ele, o programa não é nem de direita, nem de esquerda. Bueno acredita que pode haver uma sinergia de seu público já conquistado da internet com o do canal por assinatura.

Já Christian acredita que a segunda temporada é uma espécie de sonho do acadêmico, quase sempre trancado em sala de aula e estudos. “O sonho do acadêmico é ter a possibilidade de conseguir encontrar pessoas preocupadas com qualidade e com o entretenimento e comprometidas com o mesmo projeto. Nesse sentido foi uma coisa ótima”, diz ele.

A nova temporada começou a ser planejada em 2018. Tal como tinha acontecido com a primeira temporada, também esta edição do Guia do Politicamente Incorreto foi produzida com recursos incentivados da Ancine – via Artigo 39, uma lei que utiliza recursos de impostos pagos sobre remessas feitas ao exterior pelos canais internacionais da TV por assinatura presentes no Brasil..

Para esta temporada, a produção teve um orçamento aprovado na Ancine de R$ 1,78 milhão, tendo captado R$ 1,53 milhão. Na primeira temporada, o valor tinha sido R$ 1,8 milhão.

As gravações e entrevistas externas foram feitas no início deste ano, antes da pandemia do coronavírus e das consequentes paralisações de filmagens em todo o setor do audiovisual.

Ficha técnica

Guia Politicamente Incorreto – Segunda Temporada
Domingos, 19h, History Channel. Estreia em 08/11
Apresentação: Eduardo Bueno
Consultoria histórica: Christian Lynch
Direção-geral: Matheus Ruas
Produção-executiva: Tiago Schenk e Aurélio Figueiredo
Roteiro: Aurélio Figueiredo
Produtora: Studio Fly
Coprodução: History Channel

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