Principal executivo da área de programação e produção da Netflix (em inglês, CCO, Chief Content Officer) e também copresidente da plataforma de streaming, Ted Sarandos diz que no Brasil as pessoas são famintas por conteúdo.
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“Em lugares como o Brasil, com uma população muito jovem e vibrante, com grande cultura de storytelling, grande mercado de televisão e cultura de cinema, as pessoas estavam simplesmente famintas por grandes conteúdos”, afirma.
Sarandos continua, dizendo que o Brasil foi “um dos lugares onde fizemos sucesso primeiro internacionalmente”. Ele acha que isso tudo tem a ver com a animação e vibração da população brasileira.
A opinião de Sarandos foi dada durante uma live nesta semana. A conversa foi transmitida dentro da programação online do festival Mipcom, exibida somente aos participantes inscritos. A feira mundial de programação de TV, que anualmente ocorre em Cannes, na França, este ano acontece de forma virtual.
A entrevista foi concedida à jornalista Cynthia Littleton, editora da revista Variety, que deu um prêmio a Sarandos. A opinião sobre o Brasil veio num contexto em que ele conta como a empresa vê oportunidades em países emergentes, independentemente dos tamanhos de mercados de TV por assinatura e do acesso à banda larga fixa, já que nestes locais as pessoas têm acesso à internet também via mobile.
A jornalista, no entanto, não se estendeu no assunto, emendando em seguida uma pergunta sobre o sucesso da plataforma na Espanha, um país com aproximadamente 20% da população do Brasil.
Outro ponto abordado na conversa foi o longa-metragem francês Lindinhas (Cuties, em inglês, ou Mignonnes, no original francês, da diretora Maïimouna Doucouré), exibido na plataforma e que vem causando controvérsias no mercado dos Estados Unidos.
Sarandos se confessou surpreso com a polêmica em pleno século 21 na América. “O filme fala por si, é a história da diretora”, afirmou. De acordo com o CCO da Netflix, a produção tinha ido bem no Festival de Cinema de Sundance, passando pela Europa sem essa controvérsia.
Ele também diz que a questão traz à tona a Primeira Emenda da constituição dos Estados Unidos — a que garante a liberdade de expressão no País. Indagado se a Netflix considera retirar a produção do catálogo, ele respondeu, categoricamente: “Não”.
A Netflix não divulga oficialmente o número de assinantes que tem no Brasil nem em nenhum dos mais de 130 países onde está presente, fora os EUA.
Há alguns dias surgiu a notícia de que o Globoplay atingiu a marca de 20 milhões de usuário no Brasil, com a Netflix registrando 17 milhões de assinantes no País, de acordo com um estudo da FGV Research and Markets e Conviva.