Entrevista

“Excessiva polarização no jornalismo é responsabilidade dos grupos de mídia”, diz Ana Paula Padrão

Jornalista diz não sentir falta da bancada de telejornal

Publicado em 07/10/2021

Amigos e amigas da Coluna Por Trás da Tela. Hoje eu converso com uma profissional de comunicação que acumula experiência e competência nos mais variados segmentos da área jornalística e de entretenimento. Ana Paula Padrão, que também é empreendedora, nos brinda com a presença na Coluna e conversa um pouco conosco.

CHRISTIANO BLOTA – Ana, muito feliz em ter sua presença na Coluna. Falar contigo é um prazer. Eu tenho muito orgulho dos meus convidados. Eu começo com a pergunta: como foi para você a transição do jornalismo para o entretenimento (profissionalmente e pessoalmente)?

ANA PAULA PADRÃO – Como foi uma transição lenta e bastante natural, para mim foi muito confortável. Deixei as bancadas dos telejornais por opção e só 15 meses depois voltei a gravar, dessa vez no MasterChef. Não foi uma transição programada, eu apenas não queria mais o jornalismo diário. O MasterChef foi um dos muitos convites que recebi, e decidi aceitar porque adoro o formato do programa.

CB – Ana, sente falta da bancada de um telejornal?

APP – Não.

CB – Da época em que foi âncora e repórter, você guarda na memória alguns momentos marcantes?

APP – Minha careira no jornalismo é longa, quase 30 anos entre reportagens e apresentação de telejornais! Então, é claro que tenho carinho e muito respeito pela trajetória que construí. Realmente gosto de olhar pra trás e ver que é uma carreira sólida, como vários momentos de que gosto muito – difícil escolher apenas alguns. Acho que o que gosto mais nessa história é a coerência que ela exibe – tento muito ser uma pessoa coerente…

CB – Eu comento na Coluna que, em época de polarização política, alguns jornalistas estão confundindo prestação de serviço com campanha política. Concorda?

APP – Cada jornalista tem o seu papel e sua função dentro de uma estrutura de mídia. Comentaristas, jornalistas opinativos e analistas políticos devem expor suas opiniões e pontos de vista, como sempre foi feito. Acho que, se há uma excessiva polarização no jornalismo, a responsabilidade por isso é dos grupos de mídia. Difícil imaginar um jornalista associado a um grupo que tem seus interesses políticos, econômicos e/ou religiosos agindo sozinho e descolado do viés desse grupo.

CB – Você me parece muito feliz no MasterChef. Pretende participar de outros programas de entretenimento?

APP – O MasterChef, hoje, é quase uma família. Estamos juntos, elenco, direção e produção por muitos anos, e é muito confortável trabalhar com profissionais competentes e que a gente já conhece muito bem. Nunca planejei vir para o entretenimento e por isso não penso em outros programas. Apenas estou aberta, sempre, a ouvir. Hoje meu interesse maior está no digital, que considero o futuro da comunicação.

CB – Eu gostaria que você me falasse um pouco da Ana Paula empreendedora. Em que época da sua vida você passou a exercer essa atividade? Quais são os seus projetos?

APP – Eu abri minha primeira empresa, por oportunidade, em 2007 e, a partir daí, o fantasma do empreendedorismo foi desaparecendo da minha vida. Sei que, regra geral, o jornalista não considera o empreendedorismo um caminho natural, mas vejo que hoje há muitos e bons exemplos. Sempre que um projeto me interessa tento realizá-lo a partir de uma empresa própria. Este ano de 2021, por exemplo, uma das minhas empresas, a Tempo de Mulher, se associou à Cris Diniz Eventos para desenvolver eventos com e para mulheres. O primeiro, Mulheres Pós-2020, foi em abril e fez tanto sucesso que faremos uma segunda edição ainda este ano. Também estamos com tudo pronto para um grande encontro de mulheres presidentes de empresa no Brasil – Women on Top – que acontece ainda em outubro.

CB – Ana, ainda há preconceito com a mulher na TV?

APP – Ainda há preconceito contra a mulher ativa profissionalmente em praticamente todos os setores. A sociedade brasileira é machista e preconceituosa – tenta encaixar as mulheres em caixinhas de comportamento culturalmente definidas e que já não nos cabem mais. Dito isso, posso acrescentar que o jornalismo é uma profissão especialmente permeável à participação da mulher. Quando eu comecei, lá nos anos 1980, já havia muitas mulheres de destaque no jornalismo político e no econômico. Fui correspondente em regiões de conflito e meus chefes nunca me disseram que eu não poderia cobrir uma guerra por ser mulher. Sou bastante respeitada pelos meus pares, homens inclusive. Ainda não é comum termos mulheres no topo dos grupos de mídia, mas creio que é uma questão de tempo.

CB – Pergunta padrão da Coluna: quando a Ana Paula não está na frente da tela (“Por Trás da Tela”), o que ela gosta de fazer?

APP – Gosto de ver um filme com meu marido. Viajar com ele. Ler. Brincar com nosso cachorro. Cozinhar uma comida mais especial. Nada de muito diferente de qualquer pessoa que trabalha muito e quer só relaxar nos momentos de folga.

CB – Ana, sua presença me deixa feliz. Muito bom contar contigo na Coluna, nos prestigiando. Agora você já conhece minha sala de visitas virtual. Muito obrigado e até a próxima!

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